TEL AVIV ? O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu Gabinete do governo de Israel lamentaram uma decisão de condenar por homicídio um soldado que matou um agressor palestino ferido, que estava caído no chão e não representava ameaça aparente. O julgamento de Elor Azaria dividiu profundamente a opinião pública em Israel, sobretudo porque o momento da morte do palestino, que havia acabado de cometer um ataque a faca, foi filmado por um ativista local e as imagens circularam nas redes sociais. A sua sentença deverá ser anunciada nas próximas horas, depois que três juízes rejeitaram o argumento do sargento (de 20 anos) de que agiu em legítima defesa. O seu advogado prometeu apelar da decisão.
? O terrorista não representava uma ameaça ? disse a juíza Maya Heller ao anunciar o veredito, segundo o jornal “Haaretz”.
O julgamento contra Elor Azaria em um tribunal militar começou em maio. Desde então, inúmeros políticos conservadores saíram em sua defesa. No entanto, militares de alta patente condenaram o crime. Nesta quarta-feira, centenas de pessoas manifestaram seu apoio ao militar, que também tem nacionalidade francesa. A sua condenação gerou comoção entre os israelenses que o defendiam. Houve confrontos envolvendo manifestantes, a polícia e a imprensa.
Netanyahu afirmou apoiar que fosse concedido perdão ao soldado.
“Este é um dia difícil e dolorosa para todos nós, principalmente para Elor e sua família, para os soldados e parentes, e também para mim. Temos um Exército, que é a base de nossa existência. Os soldados são nossos filhos e filhas, e deveme star acima de disputas.”
Seu Gabinete também reagiu em peso à decisão. A ministra de Cultura e Esporte, Miri Regev, e o ministro da Educação, Naftali Bennett, pediram “perdão imediato” a Azaria ao ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, que também se pronunciou:
? É um veredicto duro. Peço que todos respeitemos a decisão. O que é importante é que a defesa ajude a família e o soldado. Peço que o público não seja duro com o Exército.
MORTE DURANTE INCONSCIÊNCIA
Azaria, que atua em uma brigada na Cisjordânia, matou Abdel Fattah al-Sharif em março passado, quando este estava inconsciente após ser baleado enquanto tentava esfaquear um colega seu, em Hebron. O incidente foi flagrado em vídeo por um ativista pela paz entre Israel e Palestina ? que passou a sofrer ameaças de morte. videoisrael
As imagens em vídeo mostram Azaria conversando com outro soldado antes de apontar para Abdel Fattah al Sharif em Hebron, na Cisjordânia. O palestino de 21 anos acabava de realizar um ataque com uma faca, junto a outro palestino, contra militares. Ferido a bala, estava caído no chão e parecia não representar qualquer perigo quando Azaria atirou contra ele. O militar argumenta, no entanto, que o palestino poderia tentar atacar de novo.
Em abril do ano passado, Azaria foi solto provisoriamente para o Pessach (a Páscoa judaica). O sargento foi recebido como herói ao ser libertado e houve uma manifestação com mais de duas mil pessoas em seu favor.