MADRI ? A princesa Cristina da Espanha e o seu marido, Iñaki Urdangarin, aguardam nesta sexta-feira em Genebra a sentença do julgamento do caso Noos, um escândalo por crimes fiscais e corrupção que abalou profundamente a imagem da realeza espanhola. Para ela, a Procuradoria pede a devolução de dinheiro, enquanto a pena para ele pode chegar a 19 anos de prisão. Se condenado, Urdangarin, medalhista olímpico de handebol e empresário, pode ser imediatamente enviado ao cárcere.
O julgamento durou cerca de um ano e contou com 18 réus no total. Urdangari enfrenta a acusação mais grave do caso. Ele supostamente usou o seu título de duque de Palma para desviar cerca de ? 6 milhões em contratos públicos através do Instituto Noos, uma organização sem fins lucrativos que dirigia com outro sócio.
Já Cristina é acusada de ter atuado como cooperadora necessária em dois delitos de evasão fiscal . Ela supostamente não declarou impostos sobre despesas pessoais pagas pela Aizoon, uma empresa suspeita de corrupção de sua propriedade e de seu marido. A Justiça do país argumenta que o crime não só prejudica a administração pública, mas também a todos os cidadãos.
Segundo o juiz de instrução do caso, a infanta conhecia os negócios do marido e se beneficiou pessoalmente do dinheiro desviado. O próprio procurador, no entanto, não viu indícios do delito e chegou a proibi-lo de processar a infanta por tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Dois procuradores representando as autoridades fiscais espanholas já defenderam que as acusações contra Cristina sejam retiradas, porque a infanta não teria cometido crimes. Neste caso, ela enfrentaria no máximo uma multa administrativa por evasão fiscal.
Em Genebra nesta sexta-feira, a infanta e seu marido não foram chamados a comparecer ao tribunal para o veredito. Os dois vivem na Suíça com seus quatro filhos desde 2013 e sempre negaram as acusações de irregularidades.
Em depoimento anterior, durante o julgamento, ao ser interrogada por cerca de 20 minutos pelo seu advogado, a infanta se declarou completamente desvinculada da gestão da empresa Aizoon, de que é co-proprietária junto ao seu marido. A princesa negou que ela ou o seu marido tenham contas em paraísos fiscais.
? Não tenho contas em paraísos fiscais. Tenho, sim, uma conta na Suíça, já que moro na Suíça ? disse a princesa, segundo o jornal “El País”. ? Nunca tive contas em paraísos fiscais, assim como meu marido.
A investigação serviu para aumentar o sentimento de rejeição dos espanhóis sobre a família real. Muitos dizem que a realeza não se conecta com as pessoas comuns do país. O apoio popular à família já havia sofrido uma bruta quada quando o então rei Juan Carlos foi a uma expedição para caçar elefantes na África no ápice da crise financeira. O monarca abdicou em favor do seu filho mais novo, Felipe, que hoje ocupa o trono.