Em frente à rodoviária de Cascavel, lá estão eles. Os índios da aldeia Rio das Cobras, de Nova Laranjeiras, permanecem há pelo menos duas semanas nos arredores da Avenida Assunção. O que preocupa são as condições destas pessoas no período em que estão no município.
Em um terreno baldio os indígenas montaram uma espécie de tenda, com lonas improvisadas e colchões. Conforme o secretário de Assistência Social, Hudson Moreschi, embora este não seja o local adequado, o município não pode obrigá-los a sair. “Eles têm o direito de ir e vir. O que podemos fazer é conversar para que retornem à aldeia e vivam em melhores condições”, relata.
E não é só no centro que os índios acampam. Próximo ao Trevo Cataratas, na BR-277, outro grupo comercializa seus produtos e montam as barracas em áreas cobertas para se proteger da chuva.
Números
O secretário afirma que mais de 50 índios vieram para Cascavel nos últimos dias com o objetivo de vender os artesanatos que produzem antes do Natal. Ao mesmo tempo em que as crianças pedem esmolas nos semáforos, os pais tentam comercializar o produto fabricado por eles. “Nesta época do ano fica mais fácil vender os artesanatos, é o momento de arrecadar e depois voltar para casa”, explica Moreschi.
E a volta para casa, segundo o secretário, já tem data marcada. Assim que passar o Natal todos devem retornar às suas casas. “Nós conversamos com os índios e eles mesmos disseram que após a data vão para casa”, garante.
O retorno
Ontem pela manhã duas vans e um caminhão foram disponibilizados pela Secretaria de Assistência Social para que 30 índios voltassem a Nova Laranjeiras. Conforme Moreschi, os demais devem retornar até o fim desta semana. “Depois de muito diálogo, conseguimos que alguns deles voltassem”, diz.
Acolhimento
Moreschi comenta que em Cascavel não há espaço público com capacidade suficiente para acolher um número tão grande de indígenas. Nem mesmo no Centro Pop e no Albergue há leitos disponíveis. “Na circunstância de hoje [do município] não podemos trazer eles”, diz. “Durante o dia, as crianças vão até o Centro Pop, mas a carência está em espaços para dormir”, acrescenta.
Sobre as tendas armadas na área central da cidade, o secretário diz que elas servem, na maioria das vezes, para abrigar as doações recebidas durante a estadia deles por aqui. “Eles ganham muitas coisas das pessoas como roupas, colchões, brinquedos, TVs, e as barracas servem para proteger tudo isso, inclusive os artesanatos”, pontua.