O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), avançou 1,2 ponto em agosto, passando para 82,3 pontos. É o maior nível desde novembro de 2021, quando ficou em 83 pontos. Em médias móveis trimestrais, o IAEmp cresceu 0,5 ponto chegando a 81,8 pontos. Os números foram divulgados hoje (6), no Rio de Janeiro.
O economista Rodolpho Tobler, da FGV, disse que a volta da ascensão do IAEmp compensa a queda ocorrida em julho. Segundo ele, o movimento sugere continuidade de recuperação do mercado de trabalho, mas ainda é preciso ter cautela por causa do patamar baixo em que o indicador se encontra. A sinalização para os próximos meses é positiva, embora em ritmo mais lento provocado pelo desempenho da economia.
“Pode ter ainda uma melhora do mercado de trabalho, mas vai ser mais lenta do que a gente observou nos últimos meses. O próprio Indicador Antecedente de Emprego vinha subindo em alguns meses consecutivos, teve queda no mês anterior e agora voltou a subir, então, a nossa observação é que deve manter a trajetória positiva, só que agora já sujeita a oscilações como teve no mês passado com altas mais firmes como foi este mês. Acho que a tendência é um pouco essa. O mercado de trabalho deve evoluir favoravelmente até o fim do ano, mas em ritmo muito menos intenso do que a gente viu nessa primeira metade”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.
Tobler acrescentou que ainda é possível observar alta no indicador em setembro, principalmente porque no terceiro trimestre ainda há reflexo de medidas de estímulos do governo como aumento do Auxílio Brasil e liberação de alguns vales e, por isso, a economia ainda continuaria aquecida no período.
“Acho que ainda há uma perspectiva favorável, mas deve ser uma recuperação mais tímida, manter mais ou menos esse ritmo visto em agosto. É difícil imaginar que a gente volte a ter saltos muito grandes como vimos na primeira metade do ano”, destacou.
Componente de incerteza
Para o economista, a proximidade das eleições também adiciona o componente de incerteza que aqui no Brasil é até maior do que seria normal, e provoca cautela nos empresários quanto a novas contratações.
“Isso pode fazer com que tenha alguma oscilação por causa da eleição e também porque, no fim do ano, a gente já espera uma economia com sinais mais lentos de recuperação, porque a antecipação do 13º salário [que ocorreu em junho] vai faltar no fim do ano e o próprio cenário macroeconômico sugere uma redução do ritmo da economia com juros ainda altos. A tendência é que a gente veja no final de 2022, na virada para 2023, uma economia mais fraca e aí o mercado de trabalho vai acompanhar nesse sentido”, disse.
Para Tobler, a trajetória mais lenta da economia vai começar a ser sentida no terceiro trimestre diminuindo ainda mais o ritmo no último trimestre do ano. Para 2023, fica o desafio de manter a trajetória positiva, porque deve se acentuar o desempenho lento. Segundo o economista, depois de definido quem estará à frente do próximo governo, os possíveis anúncios de medidas podem influenciar o comportamento dos empresários.
“Pode ter um efeito positivo que a gente chama de efeito lua de mel. Se o candidato que ganhar anunciar um pacote positivo, os empresários podem ficar mais animados e reduzir as incertezas, só que mesmo assim 2023 tende a ser um ano com muitos desafios, porque será um ano que vamos viver com juros ainda muito altos para reduzir a inflação para chegar próximo da meta. Há problemas fiscais para o ano que vem e o próximo governo vai ter que enfrentar para poder equilibrar as contas públicas. A tendência é que o primeiro ano de governo ainda seja um ano difícil”, concluiu.
Destaques
Em agosto, quatro dos sete componentes do IAEmp acompanharam o avanço. Conforme o Ibre, os destaques foram os indicadores de Tendência dos Negócios e de Situação Atual dos Negócios da Indústria, que contribuíram positivamente com 0,9 e 0,3 ponto, e do indicador de Emprego Previsto de Serviços, que ajudou com 0,3 ponto. O principal destaque negativo ficou com o indicador de Emprego Previsto da Indústria, que variou -0,3 ponto.
Crédito: Agência Brasil