Curitiba – “Apenas três de cada 100 casos de corrupção geram alguma punição e o montante da punição é uma piada. E é uma piada de mau gosto”. Esse desabafo do procurador federal Deltan Dallagnol deu o tom da audiência pública realizada pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados ontem, durante o dia todo, na Assembleia Legislativa do Paraná.
Convocado para debater o projeto de iniciativa popular “10 medidas contra a corrupção” encabeçado pelo MPF (Ministério Público Federal) e protocolado em março deste ano, com dois milhões de assinaturas, o debate também contou com a participação do juiz federal Sérgio Moro, entre outros especialistas convidados.
Em sua manifestação, Moro reafirmou seu apoio às medidas propostas e disse que o Congresso Nacional precisa escolher entre combater a corrupção e deixar o sistema do jeito que está. “É o Congresso demonstrar de que lado ele está nessa equação”, afirmou, assinalando que “as pessoas precisam ter fé nas suas instituições democráticas”.
Reiterando a necessidade de aprovação das propostas contidas no referido projeto, “se não em sua integralidade, em sua grande maioria”, o juiz que se notabilizou no comando da Operação Lava Jato ressaltou que “ninguém tem a pretensão de apresentar isso como se fossem os dez mandamentos ou coisa que o valha”.
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A Câmara Especial encarregada de receber sugestões e emendas ao projeto foi criada em junho passado e, conforme previsão do relator Onix Lorenzoni (DEM-RS), deve apresentar uma proposta alternativa nos próximos dias, mas esse só deve ser votado pelo colegiado em novembro. Só depois disso a proposta seguirá para o plenário da Câmara, onde deve passar por duas votações antes de ser encaminhado para a apreciação no Senado Federal.
