Cotidiano

Imprensa internacional destaca a morte de Fidel Castro

RIO – A imprensa internacional dedicou, na madrugada deste sábado, enormes espaços de suas edições eletrônicas ao falecimento do líder cubano Fidel Castro, que morreu na noite da última sexta-feira.

Jornais dos Estados Unidos noticiaram a morte ressaltando a relação de enfrentamento dos presidentes da potência com o líder cubano desde os anos 1960. O ?The New York Times?, por exemplo, que publicou em 1957 uma emblemática entrevista com Fidel quando se achava que ele estava morto, escreveu que Castro “trouxe a Guerra Fria ao hemisfério ocidental, atormentou 11 presidentes americanos e por instantes colocou o mundo à beira de uma guerra nuclear”, acrescentou.

De acordo com o jornal, Fidel “se tornou uma figura internacional cuja importância no século XX superou longamente o que podia se esperar de um chefe de Estado de uma ilha do Caribe com 11 milhões habitantes”.

O ?Washington Post? ressaltou que “embora amado por uma legião de seguidores, seus detratores viram em Fidel Castro um líder repressivo que transformou seu país em um gulag”.

Para o ?Los Angeles Times?, Fidel foi “um ícone revolucionário cuja influência foi sentida muito além de Cuba”.

O ?Miami Herald?, por sua vez, disse que Fidel “conduziu a ilha durante quase cinco décadas” e foi “uma figura de barba rala e uniforme de combate cuja longa sombra se estendeu pela América Latina e pelo mundo”.

O especialista Peter Schechter, do centro de análise Atlantic Council, disse à AFP na madrugada deste sábado que o falecimento de Fidel Castro “agora nos faz peguntar sobre o impacto que terá em Cuba”.

Para o especialista, desde que deixou o poder nas mãos de seu irmão Raúl em 2006 o Partido Comunista cubano preparou um processo de transição que garantiu estabilidade, de forma que não há elementos para prever mudanças significativas.

“Regionalmente, acho que continente manteve o respeito por ele, mas o superou”, avalia.

De acordo com Schechter, a reaproximação entre Estados Unidos e Cuba iniciada em 2014 por Raúl Castro e por Barack Obama “provavelmente não teria ocorrido com Fidel no governo”.

“Fidel claramente deixou que seu irmão fizesse isso”.

Na Inglaterra, o ?The Guardian? analisou como a morte do cubano afeta à região: ?os líderes de esquerda da América Latina vão lamentar o desaparecimento de uma figura que vista menos com um símbolo comunista, mas mais como um nacionalista de orgulho regional e desafio à superpotência gringa?.

A DIVISÃO DE CUBA

Muitos veículos de imprensa no mundo destacaram também como a figura de Fidel é polêmica entre os próprios cubanos. O ?The Guardian?, por exemplo, escreveu que ?cubanos mais velhos que lembram dos tempos brutais de Batista (Fulgêncio Bastista, presidente derrubado pela revolução cubana em 1959) tendem a enfatizar as conquistas da revolução. Os mais jovens são propensos a agredir a gerontocracia, a repressão e a perda de oportunidades. Mas mesmo eles se referem a Castro pelo nome mais íntimo de Fidel?.