JERUSALÉM ? Grupos da oposição se reuniram com representantes russos na segunda-feira, em Ancara, para negociar secretamente uma trégua em Aleppo, na Síria, depois das últimas derrotas sofridas no fim de semana, quando os rebeldes perderam mais de um terço dos distritos que controlavam no Leste da cidade. De acordo com fontes dos grupos opositores, delegados da Coalizão Nacional Síria participaram da reunião com Moscou ? que não contou com jihadistas do Estado Islâmico ou com representantes dos Estados Unidos. O líder dirigente insurgente de Aleppo, Zakaria Malahifyi, rejeitou nesta quinta-feira qualquer acordo que implique a retirada de suas tropas. Mais de 300 civis, incluindo 33 crianças, foram mortos desde o início da ofensiva, em 15 de novembro, de acordo com OSDH.
Em uma reviravolta na maior batalha do conflito sírio, as forças do regime do presidente Bashar al-Assad recuperaram mais de um terço dos bairros do Leste da cidade, controlada por insurgentes desde 2012. As tropas do governo têm o apoio de combatentes xiitas do Irã, Líbano (Hezbollah) e de milícias iraquianas e afegãs. A Rússia, diretamente envolvida na guerra nos últimos 14 meses, nega que suas aeronaves tenham realizado ataques recentes na cidade, embora tanto a oposição quanto a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) tenham denunciado seus aviões fazem parte da campanha maciça de bombardeio.
Os rebeldes sírios já haviam mantido conversações com as autoridades russas, mas a reunião de segunda-feira ? que não se sabe se teve intermediação turca ? contou com um grande número de delegados. O ministro russo de Exterior, Sergey Lavrov, encontrou-se nesta quinta-feira com seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, e disse que seu país continuará com os esforços para enviar ajuda humanitária a Aleppo. Os respectivos presidentes, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, também conversaram por telefone no dia anterior, sobre um eventual cessar-fogo na cidade.
Ainda nesta quinta-feira, o regime sírio enviou centenas de soldados de elite para conquistar os bairros mais populosos da região e acelerar a queda do reduto rebelde, que pode, segundo a ONU, se transformar em um gigantesco cemitério. Hoje, as tropas do regime já controlam 40% do Leste de Aleppo. Mesmo bem armados, os grupos rebeldes não são páreos para o poder de fogo do regime. Os bombardeios causaram enorme destruição e forçaram mais de 50 mil pessoas a fugir em quatro dias, de acordo com OSDH ? êxodo que deverá aumentar nos próximos dias.