BRASÍLIA – A ofensiva de comunicação que o governo prepara para a reforma da Previdência deverá ter apelos a um país mais justo e ameaça da impossibilidade de aposentadoria para filhos e netos dos brasileiros que hoje estão no mercado de trabalho. O Planalto promete enviar a matéria ao Congresso ainda neste mês, e o presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira nos Estados Unidos que a reforma só deve ser aprovada no ano que vem.
Entre as possibilidades discutidas estão peças publicitárias com os dizeres “O Brasil precisa ser mais justo”, “Seus filhos e netos merecem ter Previdência” e “A população idosa vai triplicar até 2050” – esta mensagem é embasada em uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada no fim do mês passado. Haverá uma segmentação de público, entre as variadas classes sociais, além de um trabalho específico para os parlamentares, especialmente deputados.
O trabalho é desenvolvido por várias agências de publicidade, que receberam os briefings (demandas iniciais para campanhas) no começo do mês. Nesta quarta-feira à noite, cerca de 30 publicitários estiveram no Palácio do Planalto com o secretário de Comunicação Social da Presidência, Márcio de Freitas, para seguir na discussão das estratégias. Foram apresentados exemplos de conteúdos e formatos.
A ideia é que a campanha lance mão de vários canais: rádio, TV, internet, peças publicitárias na rua, jornais e revistas, por exemplo. Ainda está sendo considerada a possibilidade de o presidente Michel Temer aparecer nessas propagandas. As agências e o governo também querem que as publicidades – que deverão ter gráficos didáticos e fotos de pessoas se abraçando – direcionem a população ao Portal Brasil (brasil.gov.br), onde os dados serão explicados com mais aprofundamento. Será enfatizado que o governo está empenhado na aprovação da reforma, e a expressão “saiba o que o governo vem fazendo” deverá ser largamente utilizada.
Na parte digital, falou-se em “tática de enfrentamento” e “batalha” na reunião de quarta-feira no Planalto. A avaliação é que a reforma da Previdência não avançará, se o “Fora, Temer” persistir, bem como a alta rejeição do governo efetivado na Presidência há menos de um mês.