Cotidiano

Governo criará comissão de notáveis para discutir reforma política

BRASÍLIA – O presidente Michel Temer deve criar uma comissão de notáveis para discutir os principais pontos da reforma política antes de levar o tema ao Congresso. Nesta quarta-feira, Temer se reunirá, no Palácio do Planalto, com os presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunicio Oliveira (PMDB-CE), para debater pontos importantes da reforma.

Segundo interlocutores do governo, Temer não vai sugerir nomes para a comissão, que será composta por integrantes da sociedade civil. A escolha dos integrantes ficará a cargo dos demais articuladores da reforma. Dois nomes já são ventilados para integrar o grupo: o do ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, e o do sociólogo Antonio Lavareda, que tem boa relação com o presidente e chegou a lhe dar conselhos sobre problemas de imagem e comunicação do governo no fim do ano passado.

O encontro de amanhã será o primeiro em que Temer tratará do assunto oficialmente. Dois pontos centrais devem ser abordados: a adoção de voto em listas partidárias e a criação de uma regra que limite o número de partidos. Paralelamente, há pressão para que seja aprovada, na prática, uma anistia para crimes de financiamento eleitoral. Nos próximos dias, devem ser divulgados os pedidos de inquérito contra políticos com base nas 78 delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht.

Além da proximidade da divulgação desses dados, esse movimento ganhou mais força desde a última terça-feira, quando a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que julga os processos da Lava-Jato, decidiu que mesmo as doações eleitorais formais podem ser consideradas crime. O caso julgado era do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que recebeu doação de R$ 500 mil da Queiroz Galvão nas eleições de 2014. Foi aberta uma ação penal contra o peemedebista.