SÃO PAULO. A Polícia Federal marcou para o próximo dia 21 o depoimento de José Eugênio de Jesus Neto, funcionário do marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha do PT de 2002 e investigado no mensalão. Ele foi alvo de mandado de condução coercitiva na 35º Fase da Lava-Jato, que levou à prisão o ex-ministro Antônio Palocci, mas estava fora do Brasil. A Polícia Federal cumpriu apenas a busca e apreensão na residência dele.
O nome de José Eugênio apareceu numa das planilhas usadas pela empreiteira para controle de entrega de dinheiro em espécie associado a um endereço na Vila Olímpia, na capital paulista, com data de 2010. Segundo investigações da PF, no local funciova um hotel. Além dele, também foi identificado nas planilhas o nome de Samuel Vieira Martins da Silva, que teria trabalhado para o publicitário como motoboy.
Ernesto Piovesan, advogado de José Eugênio, afirmou que seu cliente é diretor financeiro de duas agências de propaganda de Duda Mendonça no exterior, em Portugal e na Polônia, e que não atua com marketing político.
Segundo o advogado, José Eugênio disse desconhecer as razões de ter seu nome investigado e relacionado às operações da Odebrecht.
– O hotel que consta na planilha ficava na frente da agência de Duda Mendonça e José Eugênio fazia reservas para clientes e reuniões no local. O próprio Duda, que não morava em São Paulo, se hospedava ali. O nome dele pode ter aparecido por conta disso. Por isso, meu cliente não tem muito o que falar – afirma Piovesan.
O inquérito que investiga possíveis entregas a José Eugênio e Samuel está em sigilo de Justiça. Nesta sexta-feira, o juiz Sérgio Moro autorizou a defesa de José Eugênio a ter acesso apenas aos documentos já divulgados da investigação, mantendo o sigilo dos demais.
Segundo Moro, as investigações estão em andamento e têm desdobramentos “imprevisíveis”, podendo levar a novas diligências, novas quebras de sigilo e buscas.
Em 2013, José Eugênio foi alvo da Operação Jampa, da Polícia Federal, que investigou desvios de dinheiro de um programa destinado a oferecer internet para moradores de João Pessoa. Na época, a PF afirmou que o programa foi criado para desviar dinheiro público. O dinheiro teria sido usado para pagar despesas de campanha do governador da Paraíba Ricardo Coutinho, do PSB, e do vice, Rômulo Gouveia, do PSD. Duda Mendonça foi o responsável pela campanha de Coutinho ao governo do estado em 2010.