Com 100% das lavouras colhidas, os produtores de feijão têm motivos de sobra para se sentirem frustrados, assim como a safra. Primeiro com o preço que não foi o que todos esperavam no momento da comercialização e segundo que a produção média no Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel, em 28 municípios, poderá reduzir em torno de 40% se comparado com a estimativa inicial de colheita. Os dados ainda são preliminares e só devem ser concluídos nesta semana quando os técnicos do Deral (Departamento de Economia Rural) encerram as visitas a campo, mas o diagnóstico que se tem não é nada animador.
Em municípios como Boa vista da Aparecida, onde se esperava uma produtividade de 1,8 mil quilos por hectare, foram contabilizados 1,15 mil quilos.
Em Catanduvas, onde a aposta eram dois mil quilos por hectare, não passaram de 1.240 quilos, a exemplo de Corbélia onde os produtores esperavam 2,5 mil quilos, mas fechou com 1.488 quilos por hectare.
Em LIndoeste a aposta eram 1,8 mil quilos por hectare, mas eles chegaram a apenas 1.150 quilos.
A produção inicial estimada para o Núcleo Regional nestes 28 municípios era de 28.838 toneladas em 13.930 hectares destinado ao grão. Se a quebra se mantiver em 40%, a colheita pode ter chegado a apenas 17,2 mil toneladas.
Vale lembrar que, como apostavam em preços mais atrativos, os produtores ampliaram a área em 56%, já que no ciclo do chamado feijão das secas em 2016, haviam sido cultivados 8.904 hectares e colhidas 13.930 toneladas.
O técnico do Deral João Pértille reforça que o que influenciou para uma quebra tão expressiva neste ano foi o excesso de chuva nos meses de maio e junho. “Isso prejudicou muito o cultivo e o resultado pode ser visto agora, após a colheita”, lamenta.
Com a frustração de safra, o que se cogitava era um aumento no preço do indispensável cereal na mesa dos brasileiros. Mas isso não deve ocorrer, ao menos não por enquanto. “Aqui a colheita foi ruim, mas em outros lugares do País ela foi boa”, segue o técnico.
A cotação média na semana passada para a saca de feijão cores em Cascavel era de R$ 70 e o preto R$ 100. “Se a qualidade do cores for excepcional, ele chega a R$ 100, mas tem sido raro ocorrer isso”, completa Pértille.
Juliet Manfrin
Colheita do milho
Na semana passada ao menos 20% das lavoruas de milho safrinha já haviam sido colhidas na regional. Com a promessa de chuva no início desta semana, por mais tímida que possa ser, deverá acelerar a colheita neste fim de semana evitando assim entrar com as máquinas no campo úmido.
Em todo o núcleo foram cultivados 374,285 hectares e a produção estimada no início do ciclo era de 2,337,702 milhões de toneladas, mas ela não deverá se confirmar. “Primeiro teve muita chuva e os produtores atarsaram o plantio. O excesso de umidade continuou e estagnou o desenvolvimento do milho por quase um mês. Isso vai influenciar na produtividade”, esclarece João Pértille. JM
25% do trigo em risco
Outro fator preocupante diz respeito ao trigo. Se o frio intenso previsto para este inicio de semana for confirmado e houver formação de geadas, um quarto das lavouras vão se perder ou terão a produção afetada em cheio . São em torno de 25 mil hectares de lavouras que estão em fase de floração e frutificação. Neste momento, a colheita esperada para toda a área na regional de Cascavel, em mais de cem mil hectares, é de 312.480 toneladas. JM