CALAIS – A França começou, na manhã desta segunda-feira, a demolir a ?Selva? de Calais, um gigantes campo de refugiados que se tornou símbolo da crise migratória que atinge a Europa. Ao todo, entre seis mil e oito mil pessoas que vivem em condições subumanas no campo serão levadas de ônibus a 300 centro de acolhida em todo o território francês.
Desde as primeiras horas de segunda-feira, centenas de migrantes do Sudão e da Eritreia, em sua maioria homens, já faziam fila com seus pertences diante do hangar onde funciona a base de operações.
– Qualquer lugar da França é melhor que Calais – disse o sudanês Bashir, de 25 anos, o primeiro da fila.
A expectativa do governo francês é que a operação esteja concluída em cerca de uma semana. Dada a dimensão do campo, o governo mobilizou 1.250 policiais para a remoção dos migrantes e diz ter providenciado acomodação para 7.500 pessoas.
O desmanche do campo foi anunciado em setembro. A Selva, um enorme aglomerado de barracos, começou a surgir há um ano e meio, ocupado majoritariamente por imigrantes vindos do Afeganistão, do Sudão e da Eritreia e que pretendiam chegar à Grã Bretanha.
Desde domingo as autoridades vem distribuindo folhetos em vários idiomas para explicar a operação e convencer os mais reticentes. Nos últimos dias, muitos migrantes abandonaram o campo por conta própria, buscando um forma de atravessar o Canal da Mancha e chegar ao Reino Unido.
A solução apresentada pelo governo francês está longe de ser uma unanimidade. Partidos de oposição, especialmente na direita, destacaram o risco de se criarem ?miniCalais? em todo o país. Além da logística, a retirada dos migrantes também é delicada em termos de segurança. Na noite de domingo houve conflitos, e a polícia teve de usar bombar de gás lacrimogêneo.