Foz do Iguaçu – Instalado nos antigos alojamentos dos operários que construíram a maior hidrelétrica do mundo, o PTI (Parque Tecnológico Itaipu) aposta em pesquisas e aplicações de fontes que tenham pouco ou nenhum impacto direto sobre o meio ambiente a fim de garantir a preservação dos recursos naturais. Essas fontes são complementares à hidráulica, como nos casos das energias solar e eólica, assim como biogás e hidrogênio.
Por meio do CIH (Centro Internacional de Hidroinformática), o PTI teve um papel importante na elaboração do Atlas de Energia Solar do Estado do Paraná. Além do documento, fruto de um intenso trabalho de pesquisa e coleta de dados, o projeto resultou em um sistema online (atlassolarparana.com), que permite que qualquer cidadão paranaense possa saber com precisão e gratuitamente a energia solar disponível em cada um dos nossos 399 municípios, inclusive de acordo com a época do ano.
Para isso, o projeto – realizado em parceria com a Itaipu Binacional, a UTFPR (Universidade Federal Tecnológica do Paraná) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) – utilizou uma modelagem matemática que mede o espalhamento da energia solar no território, aliando imagens de satélite e estações do Inpe e do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
“Essas informações podem servir como base para elaboração de políticas públicas. Um dos objetivos do projeto é a ampliação do uso da fonte de energia renovável no Paraná, por meio, principalmente, de sistemas fotovoltaicos conectados à rede, uma vez que tanto o grande quanto o pequeno investidor tem uma base de informação confiável para fazer as suas simulações dos quantitativos de energia”, explica Alisson Rodrigues Alves, engenheiro ambiental do PTI.
Energia Solar
O Atlas confirmou o grande potencial solar existente no Estado, que, embora menor que o de outros estados brasileiros, é 43% superior ao da Alemanha, um dos países que mais investem nessa fonte renovável.
Dentro desse contexto foi criado o Laboratório de Energia Solar do Parque Tecnológico Itaipu, cujo objetivo é tornar o oeste do Paraná mais competitivo e inserido nas tecnologias globais. Neste primeiro momento, a atuação do grupo deve se concentrar nos seguintes pilares: Educação; Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação na fronteira tecnológica; empreendedorismo e formação de novos negócios; parcerias nacionais e Internacionais; e políticas públicas de incentivo ao uso de energia solar.
Hidrogênio
O hidrogênio também tem seu espaço garantido nas linhas de pesquisa do PTI por meio do Núcleo de Pesquisa em Hidrogênio. Resultado de um convênio firmado entre o PTI, a Itaipu Binacional e a Eletrobras, o Núcleo conta com um laboratório, que é equipado para a realização de pesquisas em alguns aspectos do hidrogênio e compartilhado com professores e alunos, especialmente das universidades instaladas no PTI: Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) e Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná).
A partir desse convênio, também foi implementada uma Planta Experimental de Produção de Hidrogênio que possibilita a análise de todo o ciclo de produção do hidrogênio, e ainda a purificação, compressão, armazenamento e posterior utilização em células a combustível ou combustão em mistura com outros combustíveis, como, por exemplo, o biometano.
Energia eólica e biogás
Cada vez mais competitiva e popular no Brasil, a energia eólica também tem sido pauta nos estudos desenvolvidos no PTI. Em breve, por meio do CIH, deve ser lançado um levantamento do potencial eólico do oeste do Paraná. Os estudos preliminares já apontam que municípios como Nova Laranjeiras, São Pedro do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, Guaraniaçu e Toledo (além da própria região do reservatório de Itaipu) apresentam ventos com velocidade entre 4,3 e 5 metros por segundo (m/s) a uma altura de 15 metros, características favoráveis à microgeração utilizando turbinas eólicas para a geração de energia elétrica.
Outra fonte na qual o PTI concentra cada vez mais seus esforços é o biogás, resultante do tratamento da biomassa residual das atividades agropecuárias. As atividades, que transformam um passivo ambiental em ativo energético e econômico, são coordenadas pelo CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás), instituição científica, tecnológica e de inovação instalada no Parque.
A estrutura do CIBiogás conta com um laboratório de biogás e 11 unidades de produção de biogás no Brasil. Ano passado, foi inaugurada uma Unidade de Demonstração de Biogás e Biometano dentro da Central Hidrelétrica da Itaipu Binacional. A planta é a primeira do Brasil que utiliza, como matéria-prima, uma mistura de esgoto, restos orgânicos de restaurantes e poda de grama.