Cotidiano

FMI diz que dívida de Grécia é ?explosiva? a longo prazo

WASHINGTON – O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que a dívida da Grécia é ?insuportável? e ?explosiva? a longo prazo e insta a Europa a tomar medidas de alívio, segundo relatório apresentado nesta sexta-feira. O diagnóstico compromete a participação financeira da entidade no terceiro plano de ajuda outorgado pelos europeus à Grécia em 2015, apesar da resistência da Alemanha.

Atender à carga da dívida grega implicará ?um significativo alívio da dívida? por parte das instituições europeias, disse o documento que será discutido pela direção do FMI em 6 de fevereiro. Para o Fundo, o alívio deverá estender severamente os períodos de carência e o vencimento dos créditos.

Ainda que haja plena implementação das reformas econômicas que a Grécia aceitou fazer, a dívida é ?altamente insustentável? e ?se tornará explosiva a longo prazo?, enquanto Atenas trata de substituir o altamente subsidiado financimento público com o financiamento do mercado a taxas mais altas.

O pessimismo do documento torna mais improvável um acompanhamento do FMI sobre qualquer novo empréstimo à Grécia. Meses de discussões atrasaram o avanço do resgate da Grécia, estimado em US$ 92,4 bilhões, acordado em 2015.

Por outro lado, funcionários e analistas estão preocupados porque 2017 é um ano de eleições em Holanda, Alemanha e França, o que pode dificultar mais avanços.

O FMI defende a extensão do período de carência a 2040 e, em 30 anos, o vencimento dos crédito, o que implicaria, em alguns casos, chegar ao ano de 2070, prazo maior do que a Europa aceitou em 2012.

O cerne da controvérsia é que a Europa exige que a Grécia tenha um superávit primário (antes do pagamento da dívida) de 3,5% do PIB, o que está muito assima do 1,5% que, segundo o FMI, seria viável.

A meta é muito alta ? e muitos países nem se aproximam dela ?, mas a Alemanha e outras potências europeias insistem que deve ser aplicar a partir do próximo ano, quando concluir o atual programa de ajuda.

Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças da zona do euro, insistiu na quinta-feira que o FMI continua envolvido no resgate da Grécia apesar da entidade exigir metas mais realistas e melhores condições para a carga da dívida.