RIO – Depois de responder por quase um terço da inflação de agosto, o Rio foi de vilão a mocinho do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A região metropolitana registrou o menor índice entre as 13 localidades acompanhadas pelo IBGE: deflação de 0,17%. Em agosto, puxada pela alta de 111,23% nas diárias de hotéis, o IPCA carioca havia ficado em 1%. Em setembro, as diárias recuaram 29,91%, contribuindo para o resultado negativo.
Eulina Nunes, coordenadora de Índice de Preços do IBGE, destacou que a deflação das diárias não devolveu completamente a forte alta do mês anterior. Isso pode ser explicado por uma demanda ainda aquecida no setor, já que no mês a cidade sediou a Paralimpíada. Os dados dos próximos meses indicarão se o serviço voltará ao patamar anterior, ou já emendarão a alta temporada de fim de ano na cidade.
? Embora tenha apresentado queda, não devolveu os 111% de agosto. Pode ser (Paralimpíada) ou pode ser que não devolva. Isso vai depender da demanda ? ponderou a especialista.
O fim do efeito olímpico na cidade fez despencar a inflação da categoria despesas pessoais, que engloba os preços de hotéis. O grupo, que havia subido 3,64% em agosto, teve deflação de 0,53% em setembro, contribuindo com 0,06 ponto percentual para baixo do resultado mensal. Isto é, não fosse essa queda, o Rio teria deflação um pouco menos intensa, de 0,11%.
Mas não foram apenas os hotéis mais em conta que contribuíram para aliviar o bolso do consumidor carioca. Assim como na média nacional, os preços menores de alimentos tiveram o maior impacto sobre o índice no Rio. O grupo, que havia subido 0,9% em agosto, recuou 0,88% em setembro. Ou seja, ?devolveu?, no jargão econômico, quase toda a alta do mês anterior. Com isso, teve peso negativo de 0,22 ponto percentual sobre a taxa, respondendo sozinho pelo IPCA negativo de setembro.
A deflação de setembro no Rio seria, portanto, ainda mais intensa, não fossem as contribuições de algumas altas importantes. O item habitação foi o principal impacto para cima, influenciado pela alta do gás de cozinha, que subiu 1,74% na região metropolitana.
O Rio não foi o único local com preços em queda em setembro. Vitória (-0,16%) e Belo Horizonte (-0,06%) também tiveram índices negativos no mês passado. As maiores altas de preços foram registradas em Campo Grande (0,48%), onde sete dos nove grupos pesquisados subiram mais que a média nacional. Na leitura anterior, a capital sul-mato-grossense havia tido IPCA de 0,18%.