São Miguel do Iguaçu – Estacionado e desmontado no hangar no aeroporto de São Miguel do Iguaçu há cerca de um ano e meio, o Vant (Veículo Aéreo não Tripulado) da Polícia Federal foi alvo de uma denúncia feita pela Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) ao TCU (Tribunal de Contas da União).
A falta de atividade da aeronave foi informada com exclusividade pelo Jornal O Paraná ainda em julho deste ano e a informação foi reafirmada no mês passado por um grupo multidisciplinar composto por membros da diretoria da federação que fizeram uma varredura na fronteira do Brasil com o Paraguai pelo projeto Fenapef nas Fronteiras.
O grupo alertou em sua denúncia que desde o ano passado o avião com tecnologia israelense e que custou R$ 8 milhões aos cofres públicos da União nunca mais decolou. O motivo estaria na falta de recursos para manutenção, pagamento de diárias dos operadores e até para abastecer a aeronave.
Segundo o diretor de relações do Trabalho da Federação, Jorge Luiz Caldas, esta é considerada uma situação bastante grave, sobretudo por se tratar da ineficiência de fiscalização de um dos trechos mais vulneráveis de fronteira em todo o País, por onde entra parte expressiva das drogas, armas, munições e contrabando que abastecem o crime organizado em todo o País. “Muitos agentes federais qualificados e com cursos específicos para dar início à fiscalização no projeto Vant, em toda a fronteira com o Paraguai, foram recrutados pela Direção-Geral da PF e hoje estão desmotivados com o descaso do governo federal. Os agentes federais estão desmotivados em decorrência da falácia do governo federal em divulgar um projeto que tinha tudo para melhorar o policiamento e a segurança na região de fronteira estar completamente parado e sem previsão de operacionalização. A Federação dos Policiais Federais denunciou ao TCU a precariedade e a falta de infraestrutura desse projeto que poderia mudar parte da realidade da fiscalização da fronteira”, acrescenta.
Agentes altamente qualificados fazem a guarda da aeronave
A Fenapef detectou que agentes federais qualificados e preparados foram removidos para o Paraná e que agora estão simplesmente fazendo a segurança das instalações do Vant em São Miguel do Iguaçu. “Este é um sinal do mau uso do material humano na PF e a falta de gestão na execução do projeto Vant, além do gasto grandioso para a manutenção desta aeronave que necessita ser aplicada. A quem interessa uma Polícia Federal desmotivada e sucateada?”, questiona Jorge Luiz Caldas.
Questionado se durante a inspeção feita em São Miguel a Fenapef teve acesso e pôde fazer imagens da aeronave não tripulada estacionada, Caldas afirmou que “não foi possível coletar imagens do projeto Vant em razão da segurança e do grau de sigilo da PF quanto à questão estratégica”.
Mas essa não é a primeira vez que o Vant fica parado em vez de fiscalizar a fronteira. Em 2012, logo que foi adquirido, também ficou guardado por quase um ano. “O Vant nunca levantou um voo que não tivéssemos pego algo por terra. Ele é um importante instrumento de fiscalização, um aliado que não poderia se abrir mão e que facilita, agiliza muito o trabalho em terra. É uma pena que não esteja em operação. Um instrumento tão valioso e importante”, lamenta um policial federal que já trabalhou com a aeronave.