Cotidiano

Família quer justiça por negligência

O filho afirma ainda que o médico ortopedista disse que Oracilda estava com dor muscular

Fernando Lopes, filho de Oracilda de Fátima Achere, não encontrou outro adjetivo para definir como se sente com a morte da mãe: “frustração”. Oracilda faleceu aos 52 anos na última quinta-feira (27) após dar entrada no HU (Hospital Universitário) de Cascavel, mas de acordo com familiares, ela já buscava por atendimento nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) desde o dia 10.

“Ela procurou a UPA do Brasília pela manhã no dia 10 de junho reclamando de dores ao respirar. Naquele dia foi feito um raio-x, mas o médico disse que não havia entendido o exame e a encaminhou para a UPA Tancredo, afirmando que um ortopedista deveria avaliar”, conta Fernando.

O filho afirma ainda que o médico ortopedista disse que Oracilda estava com dor muscular. Mas as dores da mãe não passaram e na noite de segunda-feira (24) ela buscou a UPA Brasília novamente.

“Ela passou a noite na unidade e não recebeu atendimento, às 7h30 de terça-feira [dia 25] o médico estava encerrando o plantão e minha tia, que a acompanhava, disse que ela precisava de atendimento porque estava muito mal. O médico receitou alguns remédios e a liberou”, relata Fernando, que conta que as pernas da mãe estavam roxas e ela estava com o rosto pálido, e que mesmo com a liberação do médico Oracilda permaneceu na Unidade. Ela foi atendida novamente perto de 10h e o médico passou uma nova receita e a liberou.

Na quarta-feira (26) Oracilda já não conseguia respirar. O Samu foi acionado pela família. De acordo com o filho, ela foi levada até a UPA usando oxigênio e outro raio-x foi feito. “Perto da 0h30 o médico disse que ela estava mal e precisava ser sedada e entubada, foi a última vez que eu a vi. O médico me disse para ir para casa. Às 18h de quinta-feira eu recebi uma ligação dizendo que ela estava no HU e às 18h30 me disseram que ela havia falecido”, conta o filho.

Diante da situação a família deverá procurar a Justiça por negligência no atendimento, já que no entendimento de Fernando um diagnóstico e tratamento poderiam ter evitado a morte de Oracilda. Por enquanto, o que se sabe é que Oracilda sofreu uma embolia pulmonar, mas a família aguarda o resultado do legista para ter a documentação oficial. O resultado deve demorar 20 dias.

O que diz a Secretaria de Saúde?

A Secretaria Municipal de Saúde respondeu por nota que não comenta sobre ocorrências com pacientes, bem como sua situação clínica, e que o canal 156 (número de telefone) está à disposição para reclamações, dúvidas, sugestões e elogios.

Outro caso

Outro caso recente de morte após atendimento em UPA em Cascavel foi o de Marem Lidiane Biavati. Ela faleceu na Unidade de Pronto Atendimento do Jardim Veneza em dezembro do ano passado. De acordo com os familiares, Marem procurou atendimento se queixando de mal-estar, recebeu soro e duas horas depois foi liberada. Dias depois ela procurou a unidade novamente e após esperar mais de seis horas por atendimento caiu na recepção e não resistiu. “Na época ela foi classificada em verde e não recebeu atendimento. A prefeitura disse que tinha aberto sindicância, mas não tivemos mais informações sobre a situação”, conta uma familiar, Gema Biavati. A família entrou com um processo contra a prefeitura, mas o caso segue em tramitação.