Céu Azul – Tiros reais e deslocamento de tropas de fuzileiros usando veículos blindados simularam um ataque de guerra envolvendo cerca de 300 militares dos exércitos do Brasil e Paraguai na manhã de ontem em uma fazenda na cidade de Céu Azul. A Operação Paraná teve início ainda na segunda-feira (18) com vários exercícios militares e, pela primeira vez, reuniu os exércitos dos dois países em um exercício militar.
De acordo com o general Edson Leal Pujol, comandante Militar do Sul, a operação é salutar para o desenvolvimento operacional e aprendizado, além de aproximação dos dois exércitos. “É a primeira vez que estamos realizando um exercício com tropa no terreno com soldados dos dois países”, enfatizou Pajol.
A operação também serviu de teste para os veículos guaranis, de fabricação nacional, que integram a frota de veículos de guerra da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, que tem sede em Cascavel e serviu de modelo para a renovação dos veículos militares do Exército Brasileiro.
O general Paulo Humberto Cesar de Oliveira, comandante de operações terrestre, disse que se trata da maior concentração de tropas em um exercício militar. Após a autorização do comando, a Força Combinada Paraná, constituída das tropas dos dois países, iniciou a operação militar simulada.
Em comboio, os veículos se deslocaram até o local onde outros já estavam posicionados e mirando em alvos inimigos. Em determinada parte do percurso, a simulação previa que os blindados não poderiam seguir adiante por causa dos obstáculos do terreno onde aconteciam os ataques. A partir de então, os militares deixaram os veículos, seguiram para o front de guerra a pé e avançaram contra o inimigo virtual.
Mais integração
Além dos militares brasileiros e paraguaios, dois oficiais do Exército do Uruguai acompanharam o treinamento. “Essa é a primeira vez que estamos fazendo no Brasil, provavelmente na sequência vamos levar os exercícios para o Paraguai. Juntar mais países nos próximos anos. Isso é um indicativo de que nos próximos anos nós possamos contar com mais participantes, do Uruguai, Argentina e assim por diante”, disse Oliveira.
Segundo o oficial, tradicionalmente há uma há ações conjuntas entre exércitos de diferentes países em várias partes do mundo e o exercício de ontem inaugurou uma integração que há tempos o Exército Brasileiro procurava. Ele diz que é possível que futuramente exercícios com militares brasileiros ocorram também no Paraguai.
Exército não é salvador da Pátria, diz general
O general Paulo Humberto Cesar de Oliveira, comandante de operações terrestre do Exército Brasileiro, disse ontem que a instituição militar tem como pretensão se tornar referência para as demais instituições, mas ressaltou que problemas políticos precisam ser resolvidos dentro da seara política. “Não podem [os brasileiros] olhar para a gente como salvadores da Pátria, porque nós não somos”, disse ele sobre a crescente defesa de intervenção militar por parte de grupos descontentes com os rumos do País.
Para o general, os problemas da corrupção e de outras questões éticas necessitam ser resolvidos pela sociedade. Ele resaltou, no entanto, que os militares podem colaborar na solução. “Nós temos nos colocado como instituição que tenta passar equilíbrio, tranquilidade para que as outras instituições possam, realmente, resolver seus problemas, essa é a nossa postura”, destacou.
Oliveira ressaltou que o Exército tem grande afinidade com a população e que possui legitimidade reconhecida pelo povo como instituição séria, com índices de corrupção pequenos e altos níveis éticos. “Então, nós temos, sim, a pretensão de nos tornarmos uma referência. Acho que a sociedade e as diversas instituições do Brasil podem olhar para a gente como uma referência de atuação em todos esses campos e, por outro lado, o que nós tentamos passar para sociedade é uma tranquilidade de que os problemas nossos têm que ser resolvidos pelas instituições, sejam elas políticas ou sociais, e pela sociedade como um todo”, destacou.
Segundo o oficial, a posição do Exército é de dar apoio para solucionar todas as crises para que a população tenha um Brasil melhor, mas que não cabe aos militares solucionarem o problema. “Isso não é cabível”, diz.