MONTEVIDÉU ? O sírio Abu Wa?el Dhiab, um dos seis ex-presos de Guantánamo transferidos para o Uruguai, saiu do coma nesta quinta-feira. Dhiab está muito debilitado devido a uma greve de fome e entrara em coma na véspera.
A greve de fome começou há 33 dias, como forma de pressionar o governo a permitir sua saída do Uruguai para um outro país de sua escolha.
Ele havia deixado o hospital no sábado, mas a equipe médica que o visitou na quarta-feira constatou que estava inconsciente. Horas depois de começar a receber soro, começou a recuperar a consciência. Ele não foi internado, já que os médicos decidiram respeitar a sua vontade de não ser hospitalizado.
O ex-detento de Guantánamo tem manifestado reiteradamente sua vontade de deixar o Uruguai, país que o recebeu em 2014 junto a outros cinco ex-presos como parte de um acordo com os Estados Unidos. Dhiab afirma que não irá comer até que consiga se reunir com a sua família em outro país de sua escolha.
“Estou fazendo greve de fome para me reunir com a minha família, e minha mensagem para o mundo é que não sou só eu que sofro, também sofrem os meus irmãos que continuam em Guantánamo e os que saíram de lá”, declarou ao jornal ?El Universal? na sexta-feira.
O governo uruguaio informou que está se esforçando para encontrar uma nação disposta a receber Diyab e sua família.
PASSAGEM PELO BRASIL
Menos de dois meses depois de sua chegada ao Uruguai, em dezembro de 2014, o sírio viajou para a Argentina, violando as regras do acordo firmado para a sua mudança. Ele queixava-se publicamente da sua vida no Uruguai e protestou em frente à embaixada americana.
Em junho, Diyab saiu do Uruguai e entrou no Brasil pelo Chuí, sem passar pelo controle de imigração. Semanas depois, apareceu na Venezuela, e ficou sob a custódia da polícia secreta até ser deportado de volta, no dia 30 de agosto.
De acordo com o embaixador americano Lee Wolosky, o Uruguai ofereceu ao sírio 500 dólares ao mês, um apartamento e aulas de idioma. Ele afirmou que a realocação dos outros cinco ex-presos ? três sírios, um tunisiano e um palestino ? havia sido um “êxito” em comparação com a de Dhiab.
? Ele recebeu mais apoio do que recebem os refugiados nesses países, e mais apoio do que muitos uruguaios ? disse Wolosky. ? Teve todas as oportunidades para fazer boas escolhas e reunir-se com a sua família, mas tomou más decisões.