Cotidiano

Ex-diretores do Bamerindus fazem homenagem a Brandão

Para Ibrahim Faiad, atitude do Bradesco de repatriar banco merece respeito e admiração

Curitiba – Cerca de 30 ex-diretores do Bamerindus participaram de um evento histórico há poucos dias em Curitiba. Eles fizeram homenagem, durante almoço no Santa Felicidade, a um dos maiores líderes do setor financeiro do País. Eles entregaram uma placa em agradecimento ao diretor do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão.

Um dos antigos diretores do Bamerindus, Ibrahim Faiad, informa que o gesto demonstra a enorme gratidão de ex-diretores e colaboradores do banco paranaense pela decisão do Bradesco de comprar o Bamerindus, que até recentemente pertencia ao HSBC. “A aquisição do banco inglês significa uma verdadeira repatriação do antigo Bamerindus aos brasileiros, atitude capitaneada pelo Bradesco e da qual nos orgulhamos muito”, diz Ibrahim.

A cerimônia na capital contou também com a presença do vice-presidente do banco paulista, José Carlos Furquim, bem como de diretores regionais. Além de Ibrahim, alguns dos ex-diretores do Bamerindus presentes ao evento foram Antonio Zanini e Sérgio Reis. “Só temos a agradecer a essa instituição que, a exemplo do antigo Bamerindus, sempre prezou por princípios éticos e atitudes que contribuem com o contínuo processo de desenvolvimento nacional”, conforme Ibrahim.

O banco

O Bamerindus teve origem em uma empresa bancária fundada em 1929 em Tomazina. O idealizador foi Avelino Antônio Viera, ex-vendedor e ex-escriturário que depois de concluir o curso de contabilidade decidiu empreender. Para realizar o sonho, Avelino se aliou a um grupo de amigos e constituiu a Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada Banco Popular e Agrícola do Norte do Paraná. Em 1944, ela seria incorporada ao BPA, o Banco Comercial do Paraná, e em 1951 Avelino assumiria o controle do Banco Meridional (que passou a se chamar Mercantil), que tinha apenas quatro agências. Vinte anos depois, o então Banco Mercantil se transformaria em Bamerindus.

O banco, já com sede em Curitiba, cresceu de forma espantosa e na década seguinte figuraria como um dos maiores da América do Sul. O último presidente foi José Eduardo de Andrade Vieira, empreendedor paranaense que chegou a senador. Em 1994, a instituição entra em dificuldades financeiras e acabou, três anos depois, incorporada pelo HSBC, o Hong Kong and Shanghai Banking Corporation. Em junho de 2015, o HSBC anunciou o encerramento de suas atividades no Brasil.

Lázaro

Na casa dos 90 anos, Lázaro de Mello Brandão é considerado um reflexo do fundador do Bradesco, Amador Aguiar. Ele começou na instituição como contínuo aos 16 anos. Ele é tão antigo na estrutura do banco que na época o nome nem Bradesco era. Se chamava Casa Bancária Almeida & Cia. Os dois compartilham de várias semelhanças. Da integral dedicação ao trabalho ao desprendimento a qualquer forma de ostentação. A ascensão de Brandão foi rápida e consistente. Com apenas 21 anos ele foi nomeado diretor e não parou mais ascender na hierarquia da corporação financeira.

A posição de vice-presidente viria em setembro de 1977. O cargo mais elevado do banco, que se transformaria em um dos maiores e mais respeitados do mundo, viria por sua vez apenas quatro anos depois. Lázaro Brandão desempenhou a função até o ano de 1999. Depois, passou a responder pelo Conselho de Administração. O grande líder do banco costuma afirmar o seguinte sobre o Bradesco, que jamais perdeu os fundamentos de sua estrutura original: “O tempo não mudou a essência de um banco, que é financiar projetos das pessoas e das empresas”.