Cotidiano

Ex-assessor de Cabral ia abrir restaurante em Ipanema

RIO ? Preso desde novembro do ano passado em decorrência da Operação Calicute, o ex-assessor do ex-governador Sérgio Cabral Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves estava em vias de abrir um restaurante em Ipanema, num dos endereços mais nobres da cidade. A informação consta de documentos que foram anexados ao processo que tramita na 7ª Vara Federal Criminal do Rio. A advogada Fernanda Tórtima, que representa o empresário Rodrigo Faria Vasconcellos, também sócio do empreendimento, pediu, no fim do ano passado, para que seu cliente pudesse adquirir de Paulo Fernando Magalhães sua cota de 20% no negócio. O pedido será analisado pelo juiz Marcelo Bretas, já que o ex-assessor de Cabral teve os bens bloqueados.

Paulo Fernando Magalhães foi apontado na Calicute como um dos ?laranjas? do ex-governador. O Ministério Público Federal suspeita que a lancha Manhattan Rio, avaliada em R$ 5 milhões, em nome da MPG Participações LTDA, empresa do ex-assessor, seja na verdade propriedade de Cabral. Paulo Fernando estaria em processo de negociação de delação, em que estaria disposto a revelar detalhes sobre a embarcação. Nesta terça-feira, o juiz Marcelo Bretas determinou que o ex-assessor fosse transferido do presídio Bangu 8 para prisão domiciliar, alegando questões de segurança após a veiculação da notícia de que ele daria um novo depoimento.

Segundo os documentos anexados ao processo, o restaurante Nosso Ipanema, localizado na Rua Maria Quitéria, está em fase avançada de obras. Até dezembro do ano passado, os sócios haviam investido pouco mais de R$ 1,3 milhão no projeto. O objetivo é criar ?um local para atrair programas culturais voltado a um público intelectual, destacando-se na noite carioca como referência pelo seu ambiente e pela sua culinária?. O imóvel onde está sendo construído o restaurante foi alugado em julho do ano passado, por R$ 25 mil mensais. Parte do valor do aluguel está sendo compensado com benfeitorias.

Além de Paulo Magallhães e Rodrigo Faria Vasconcellos, o empreendimento ainda tem como sócio Guilherme de Magalhães Pinto Gonçalves, parente de Paulo Magalhães, que também divide a MPG Participações, citada na Calicute, com o ex-assessor de Cabral.

Em sua alegação, a advogada Fernanda Tórtima diz que ?um dos sócios do empreendimento (Paulo Magalhães) encontra-se, desde o dia 25 de novembro, preso preventivamente por decisão de Vossa Excelência, o que, por motivos óbvios, dificulta sobremaneira, senão impossibilita, que ele continue a contribuir para o desenvolvimento das atividades objeto do empreendimento?. ?O ora requerente (Paulo Magalhães) não tem mais interesse, pelos motivos acima expostos, de dar continuidade ao projeto na forma da composição social em que a sociedade foi originalmente constituída?, acrescenta, ao pedir que Rodrigo Faria Vasconcellos possa adquirir os 20% na sociedade.