Cascavel – Abastecer qualquer veículo motorizado na região está pesando, em média, 12% a mais no bolso neste mês de maio se comparado com os valores médios regionais em junho do ano passado, logo após o fim da greve dos caminhoneiros.
Aliás, o elevado preço dos combustíveis à época foi um dos motivos pelos quais autônomos cruzaram os braços durante 11 dias, parando o País.
Os números da ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural) revelam que ao menos dois dos três combustíveis bases – diesel e gasolina – custam mais ou muito próximo das cifras registradas no período que antecedeu a paralisação. Nos meses seguintes eles sofreram um rearranjo, com algumas reduções pontuais, lembrando que o diesel teve valor reduzido graças aos benefícios concedidos com renúncia fiscal e redução tributária dos governos estaduais e federal por um período de seis meses, expirado no fim de 2018. De lá para cá o que se vê é uma escalada crescente nos preços, mais uma vez.
Em junho do ano passado o preço médio do diesel na região era R$ 3,09 e hoje não se encontra por menos de R$ 3,52, elevação de quase 15%. “E logo o preço chega mais uma vez aos R$ 4 na região. O caminhoneiro está pagando para trabalhar novamente. Ele sai para uma viagem com um preço, no meio do caminho é outro e até voltar para casa já subiu mais uma vez. O valor do frete é calculado com base no combustível daquele dia e olha que nenhum embarcador cumpre a tabela”, reclama o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Cascavel e Região, Jeová Pereira.
Para o economista Marcelo Dias, outro ponto que se deve considerar é que o caminhoneiro da região não abastece só aqui e já é possível encontrar o diesel em outros cantos do Brasil a quase R$ 4,70, segundo a ANP.
Etanol
Embora produzido no Brasil tendo como matéria-prima a cana-de-açúcar, cuja produção aumentou quase 25% na safra 2018/2019, o preço do etanol preocupa. O litro do combustível custava, em média, R$ 2,69 há um ano, agora não sai por menos que R$ 3,10, salto de 15%. “Essa média feita pela ANP [que tem como data-base o dia 20 de maio] leva em consideração apenas alguns municípios da região, mas há inúmeras cidades menores onde o produto já é encontrado por mais de R$ 3,30”, destaca o economista.
Na variação média, a gasolina está 8% mais cara em relação a junho de 2018. Entre altas e reduções, o preço do litro saiu de R$ 4,21 na metade do ano passado, chegou perto de R$ 5 em setembro, baixou para R$ 3,99 em janeiro e, agora a média é de R$ 4,55. Apenas no último trimestre a gasolina subiu 6%, sob a justificativa do aumento constante do dólar. “A cotação do barril do petróleo é em dólar, as influências internacionais impactam em cheio a política de preços por aqui e essa não acomodação da moeda norte-americana torna esses reajustes frequentes. Isso significa que os preços podem subir mais muito em breve”, diz o economista.
Variação por município
A avaliação média pela ANP leva em consideração os preços praticados nos postos de combustíveis nos municípios de Assis Chateaubriand, Cascavel, Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon e Toledo. Entre os avaliados, o que possui o preço mais elevado de todos os combustíveis é Cascavel. A gasolina, por exemplo, tem preço médio de R$ 4,618, enquanto Marechal Rondon tem a média mais barata, de R$ 4,522.
Quando o assunto é o etanol, em Cascavel ele custa, em média, R$ 3,192, já o mais barato está em Foz do Iguaçu, onde o preço médio é de R$ 3. Cascavel também tem o diesel mais caro do oeste: R$ 3,579, enquanto o mais barato está em Assis Chateaubriand, a R$ 3,463.
Reportagem: Juliet Manfrin