Cotidiano

Embalagens de agrotóxicos: Central recebe 45 toneladas contaminadas ao ano

A conscientização e preservação do meio ambiente passa por várias etapas, vitais no processo de desenvolvimento do ser humano e para o futuro das próximas gerações. Para não sucumbir aos seus próprios erros por conta do descaso com a natureza, o mundo hoje busca formas de promover a sustentabilidade e com isso reduzir os passivos ambientais.

O agricultor é peça-chave nessa engrenagem. Comparado a antigamente, essa conscientização evoluiu, mas ainda há registro de descaso e descuido. E bem acima do imaginado.

A Unidade Central de Recebimento de Embalagens, localizada na rodovia que liga Cascavel a Tupãssi, recebe ao ano 450 toneladas de embalagens de agrotóxicos devolvidas pelo agricultor para serem recicladas e usadas novamente para o envase de agrotóxicos. Apesar do trabalho permanente de orientação da Addav (Associação dos Distribuidores de Defensivos Agrícolas e Veterinários do Oeste), 10% desse montante, ou seja, 45 toneladas, chega contaminado na unidade em função da precariedade no processo de tríplice lavagem, deixando de seguir as normas do InpEV, o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias. As contaminações ocorrem durante o armazenamento e o transporte dos recipientes.

Como não podem ser reaproveitadas, as embalagens precisam ser encaminhadas para incineração, gerando custos que poderão ser cobrados do agricultor com base em fiscalização feita pelo Instituto Ambiental do Paraná, além de pesadas sanções, principalmente se o agricultor já tem um histórico de reincidência.

A gerente da unidade de recebimento das embalagens, engenheira agrônoma Patrícia Moretti, confirma a existência do problema e chama a atenção para a presença dessa informação no comprovante de entrega repassado pela Addav ao agricultor.  “Em casos de fiscalização, o produtor precisará apresentar esse comprovante para verificar a eficiência de todas as etapas do processo, isso envolve o armazenamento e transporte”, comenta Patrícia Moretti.

“Há, sim, o risco de o agricultor ser alvo de notificação e autuação, além da obrigação de arcar com as despesas da incineração do material”, enfatizou.

Conscientização

O montante recolhido regularmente é resultado do trabalho desenvolvido em 38 municípios da área de abrangência de Cascavel.

Dentro da proposta de conscientização dos agricultores, Patrícia Moretti destaca a programação do Dia do Campo Limpo, neste ano já programado para o dia 18 de agosto. “O trabalho formiguinha também é relevante, aproveitando quando o produtor vai até a central. É quando aproveitamos e repassamos o conteúdo, explicando como funciona todo o procedimento”, frisa a engenheira agrônoma. No dia 1º de outubro, a Addav completará 16 anos. “No começo dos trabalhos, a unidade recebia 80 toneladas de embalagens recolhidas ao ano”, conta. “Os agricultores tinham receio de devolver as embalagens, assombrados pelo mito de que seriam multados”.

Trabalhos de conscientização ajudam a formar uma nova consciência, para que a degradação ao meio ambiente seja contida. O agricultor deve devolver as embalagens no local indicado na nota fiscal e tem prazo de um ano para cumprir essa exigência.

Todo material recebido pela central de recebimento de Cascavel é encaminhado para a destinação final, reciclagem ou incineração, pelo inpEV – instituto que representa a indústria fabricante de defensivos agrícolas para a destinação das embalagens vazias de seus produtos. Desde março de 2002, o Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas) já destinou mais de 260 mil toneladas do material.