BRASÍLIA – Depois de ser derrotado na tentativa de votar o projeto da Lei de Abuso de Autoridade, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez um discurso de despedida do comando da Casa com ataques ao Ministério Público e ao Judiciário. Renan leu decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki sobre seu processo na Lava-Jato, determinando que a denúncia retorne à Procuradoria Geral da República para completar o prazo que haveria para as investigações dentro do Ministério Público.
Em tom de desabafo, Renan disse que sua vida foi “devassada por nove anos” e voltou a dizer que o Ministério Público age de forma política.
– Enquanto encadeia fatos como esse, o Ministério Público perde a condição de ser fiscal da lei. Cada decisão contra senador, cada constrangimento, isso precisa ser melhor observado. Estão construindo uma névoa no país que não fará bem à nossa democracia. Contra o Congresso Nacional fizeram tudo, pediram tudo! Até pedido de prisão contra mim porque estaria obstruindo a Lava-Jato (pedido que foi negado). A minha foi devassada e continua sendo devassada. Não tenho nenhum problema na minha vida pública e pessoal – disse Renan, que subiu à Tribuna e leu trechos do despacho de Teori.
Renan foi aplaudido discretamente e depois recebeu elogios de alguns senadores, como Fernando Bezerra (PSB-PE) e Romero Jucá (PMDB-RR).
– Quando errei, errei querendo acertar – disse Renan.