São Luís (MA) – As eleições no Maranhão foram realizadas sob
a sombra da violência. Ontem, a Secretaria estadual de Segurança Pública
informou que as polícias Civil e Militar identificaram 93 pessoas envolvidas nos
ataques a ônibus e escolas, que começaram na quinta-feira passada. Sessenta e
seis adultos foram identificados. Desse total, 35 eram detentos do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas e atuaram como mandantes. Vinte e três foram
transferidos para o Presídio Federal de Mossoró (RN). Os outros 27 adolescentes
foram apreendidos em flagrante nos ataques.
Ontem à tarde, oito acusados de tentar incendiar e
depredar locais de votação, sendo três menores, foram apresentados na
Superintendência Especial de Investigação Criminal (Seic), em São Luís (MA).
Eles foram detidos em flagrante no sábado e na manhã de ontem com armas e
combustíveis. Por causa da violência, o Tribunal Regional Eleitoral do estado
(TRE-MA) precisou transferir três seções eleitorais que funcionariam em duas
escolas e num Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da capital
maranhense, atacadas na madrugada de sábado.
O secretário de Segurança Pública do Maranhão, Jefferson Portela, afirmou que
os criminosos tentaram influenciar o resultado da eleição no estado e que a
transferência de presos para presídios federais vai continuar. Os ataques teriam
sido uma retaliação por causa de mudanças na gestão penitenciária.
? Criminosos lançaram a palavra de ordem de que não haveria eleição no estado
do Maranhão. Mas ninguém pode impedir o cidadão de exercer o seu direito de
voto. Dentro desse ‘ninguém’ está o preso. Fizemos a contenção da movimentação
dentro da penitenciária. Só voltam para celas individuais. São pessoas de uma
mentalidade criminosa muito pervertida ? afirmou Portela ao jornal ?O
Imparcial?.
SÃO LUÍS TERÁ SEGUNDO TURNO
Para reforçar a segurança da eleição, o governo
maranhense colocou 7,5 mil policiais nas ruas para proteger os locais de
votação. Eles se juntaram aos 1,3 mil homens das Forças Armadas e da Força
Nacional que foram enviados ao estado pelo governo federal. Em São Luís (MA), os
ônibus municipais, principal alvo de ataques, circularam ontem com escolta
policial. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do
Maranhão, José Luís Medeiros, 100% da frota foi colocada na rua.
Nas urnas, o atual prefeito da capital maranhense, Edivaldo Holanda Júnior
(PDT), terá que disputar o segundo turno da eleição com Eduardo Braide (PMN),
que concorreu às eleições sem coligação com nenhum outro partido. Deputado
estadual em seu segundo mandato, a ida de Braide ao segundo turno surpreende
políticos do estado. Braide aparecia com 5% das intenções de voto nas
pesquisas.
Segundo parlamentares do estado, o candidato do PMN teve
um excelente desempenho no debate eleitoral antes da eleição, apresentando
propostas e mostrando as contradições nas campanhas dos dois primeiros colocados
na pesquisa.
? O Braide é deputado estadual, mas foi eleito principalmente com votos do
interior. É um outsider nesta campanha e saiu sozinho na eleição. Foi
bem no debate e conseguiu virar o voto dos indecisos ? avalia o deputado federal
Rubens Júnior (PCdoB-MA), que apoia Edivaldo Holanda.
As pesquisas de intenção de voto mostravam Edivaldo
Holanda, que tem o apoio do atual governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB),
na liderança. Mas o segundo colocado era o candidato do PP, Wellington do Curso.
Edivaldo Holanda conquistou 45,66 % dos votos válidos e Eduardo Braide 21,34 %.
Wellington do Curso ficou em terceiro lugar, com 19,80% dos votos válidos.
A eleição em São Luís foi marcada também pela divisão do
grupo do ex-presidente José Sarney, que não deu uma orientação clara de
preferência. O PMDB lançou Fábio Câmara, mas a candidatura não se viabilizou e
neste domingo ele recebeu 3,63% dos votos válidos. Aliado histórico de Sarney, o
ex-ministro do Turismo e ex-deputado federal Gastão Vieira, hoje no PROS e atual
presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), apoia o
atual prefeito.
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), apoiou a
candidatura da deputada federal Eliziane Gama (PPS), que chegou a ter 16% das
intenções de voto no final de agosto, mas acabou perdendo fôlego em setembro.
Ontem, Eliziane recebeu 6,19% dos votos válidos. O PV, no entanto, se dividiu na
eleição. O deputado estadual Edilázio Júnior (PV) discursou a favor de
Wellington do Curso.
São Luís tem 659.779 eleitores e a abstenção foi de
14,07%. Dos que votaram, 4,49% dos eleitores anularam e 2,92% deixaram em
branco. A candidata Rose Sales (PMB) teve 1,97% dos votos válidos, Cláudia
Durans (PSTU) recebeu 0,82% dos votos, Valdeny Barros (PSOL) 0,49% e Zeluis Lago
(PPL) 0,09%. (Com informações do G1)