Levantamento da Anoreg-PR (Associação dos Notários e Registradores do Estado do Paraná) mostra que o número de casamentos em cartório subiu 12,7% no Estado nos últimos dez anos. De 2006 até 2016, os cartórios viram os registros passarem de 54.632 para 61.588.
Somando todo o período ocorreram 648.641 casamentos civis no Paraná. Já as parciais de 2017, que vão de janeiro a maio, somam 21.736 casamentos.
A pesquisa traz também o número de oficializações na região Oeste. Entre as sete cidades mais populosas – Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Assis Chateaubriand e Palotina – a média supera em 10% a estadual. Na última década a demanda por casamentos em cartório cresceu 22,6%. Em 2006, os sete municípios contabilizaram 3.938 casamentos ante os 4.829 realizados em todo o ano passado. Já a conta de todo o período chega a quase 50 mil.
O maior número de casamentos em cartório no Oeste foi em Cascavel. Nos últimos dez anos foram 20.849 registros, a maioria em 2013 (2.005 casamentos), 2014 (2.067) e em 2016 (2.097). Em seguida está Foz do Iguaçu, com 14.226 casamentos em uma década, Toledo (6.713), Marechal Cândido Rondon (1.440), Medianeira (2.348), Assis Chateaubriand (2.093) e Palotina (1.560). Somente nos primeiros cinco meses deste ano, a região soma 1.778 oficializações. O custo para habilitação do casamento, segundo a Anoreg, é de R$ 273.
Casamentos Paraná – últimos 10 anos
2006 54.632
2007 55.648
2008 56.358
2009 55.010
2010 58.281
2011 58.251
2012 59.117
2013 60.894
2014 63.784
2015 65.078
2016 61.588
Fonte: Anoreg/PR
À espera do grande dia
Paulo Campana, de 32 anos, e Tainá Lazarini de Oliveira, de 25 anos, aguardam ansiosamente o dia 7 de setembro de 2018 para dizer o “sim”. Segundo a noiva Tainá, o namoro começou após uma festa de família, já que Paulo é sobrinho de seu padrasto. “Dias depois saímos e desde então estamos juntos”, lembra. Para ela, marcar a data do casamento, tanto no cartório quanto na igreja, é algo muito especial.
“Saber que vamos casar é maravilhoso. Quando conhecemos uma pessoa, naquele momento, não imaginamos o que vai acontecer, geralmente na hora não esperamos que vai dar certo. Mas, com a gente foi diferente, e depois do noivado, vi que o nosso comprometimento com o relacionamento está maior ainda”, relata Tainá.
O comprometimento que a noiva destaca é, segundo o padre Odair Marques dos Santos, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de Cascavel, uma das receitas para matrimônio. “O que falta mesmo no matrimônio hoje, dos que já estão constituídos, é que não há mais aquele tempo para estar juntos, causa de muitas nulidades matrimoniais no Tribunal Eclesiástico. Em alguns casos, as pessoas casam só por casar, não existe comprometimento para com o outro, falta aprofundamento ainda na fase do namoro. Quando não se tem um namoro sério existem consequências na vida matrimonial que se forma”, explica. Ele lembra que uma das nulidades feitas no Tribunal ocorreu após 28 dias da celebração.
Embora haja aumento no número de formalizações em cartório, o sacerdote vê cada vez mais o número de celebrações na igreja caírem. “Ultimamente percebemos que os jovens, infelizmente, não estão buscando mais celebrar o sacramento do matrimônio. Existe uma coisa que nos tempos passados não havia: o liberalismo nas famílias. Quer dizer, antigamente pais não permitiam, por exemplo, que filhos tivessem livre acesso de relacionamento nos quais vemos hoje”, comenta. Segundo Santos, o matrimônio é um mistério, o qual se tem perdido. “Queimou-se etapas do matrimônio, não tem mais encantamento para descobrir verdadeiramente o mistério do casamento”, diz.
PASTORAL
Na tentativa de direcionar os jovens, a Pastoral Familiar do bairro Cancelli faz, duas vezes ao ano, encontros que envolvam casais de namorados, noivos e recém-casados. “Trabalhamos com a preparação do casal, mostramos como é o casamento, a parte sacramental, e o que eles estão dispostos a fazer no que pretendem assumir. Mostramos também que é preciso saber viver com as diferenças, além de evangelizá-los”, explica uma das coordenadoras da Pastoral, Jussimara Piovesan.
Há 11 anos, um grupo de mais de 40 casais faz esse trabalho, que segundo Suzamara Baldissera Confortin, que também coordena a Pastoral, tem fortalecido as famílias. “O contato com os jovens é feito no encontro de noivos. Para participar, não precisa estar com a data do casamento marcada, já que é feito exatamente para prepará-los para uma nova fase da vida”, diz. “Os que vêm querem melhorar e saem daqui bem empolgados. Há uma sede de conhecimento, em que se resgata algo que foi perdido no relacionamento por conta do dia a dia”, acrescenta Jussimara.
Definindo ainda vários detalhes do casamento, Tainá espera que tudo dê certo, e lembra que é preciso muita paciência e tolerância. “Já conhecemos os defeitos e as qualidades da pessoa que escolhemos ter ao nosso lado, e sabendo lidar com isso, espero que nosso casamento dure para sempre”, afirma.