RASÍLIA – A cerca de três meses da disputa pela presidência da Câmara, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), que foi derrotado por Rodrigo Maia (DEM-RJ) em julho deste ano, quando Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi afastado do cargo, praticamente lançou sua candidatura em carta enviada aos colegas deputados.
Apesar de o nome do Centrão para concorrer à vaga não ter sido definido ainda, e de haver expectativa de Jovair Arantes (PTB-GO) também estar no páreo, a sinalização de Rosso, no texto que mandou por e-mail no dia 01 deste mês, é clara. Ele afirma que ?daqui a exatos 90 dias teremos a importante e histórica eleição da Mesa que conduzirá os trabalhos da Câmara para o biênio 2017/2018?, e diz que os próximos anos serão ?ainda mais desafiadores?, pelo que ?precisaremos de ainda mais firmeza e união? e escolher com ?segurança, objetividade, diálogo e transparência? os novos representantes da Mesa Diretora.
?Precisamos escolher com segurança, objetividade, diálogo e transparência os nossos representantes que irão compor a nova Mesa Diretora e que devem estar preparados e capacitados para lidar com as legítimas demandas da sociedade, bem como dar prosseguimento ao conjunto de reformas e projetos fundamentais para que o Brasil possa voltar a crescer. A coragem para mudar, modernizar e enfrentar adversidades deverá estar presente e a valorização da ação parlamentar deve ser uma constante?, diz.
Na carta, o deputado faz acenos aos colegas e também a Rodrigo Maia, que busca uma brecha jurídica para tentar a reeleição à presidência da Câmara. Ele destaca o comportamento ?propositivo da Casa que, com maturidade e desprendimento, elegeu num momento difícil seu novo presidente para dar continuidade aos trabalhos do primeiro biênio?
?Ressalto aqui nosso apreço, confiança e amizade ao presidente Rodrigo Maia, que vem conduzindo com maestria e equilíbrio os trabalhos na Casa (?) Nesses quase dois anos de respeitoso convívio, já ficou muito claro para mim o quanto digno e gratificante é exercer nossa atividade parlamentar. Precisamos permanecer com uma estrutura sólida e capaz de resistir às tempestades que ameacem sua sustentação e a edificação altiva da nossa Nação?, diz.
Ao GLOBO, Rosso afirmou que a carta não significa o lançamento de sua candidatura, mas um ?convite para a reflexão?. Durante os dias que antecederam a eleição para a presidência da Câmara em julho, o deputado negou veementemente ser candidato ao cargo. Somente na véspera colocou sua candidatura. Ele admite que, deste vez, a situação é diferente
? Faço uma carta de conciliação. Da outra vez, eu não queria ser. Agora é diferente, são dois anos de mandato, não é tampão. Mas o que vou fazer mesmo é trabalhar pelo consenso na base de Temer. Não pode existir candidatura de si próprio, tem que ser consenso ? afirmou.
Além dele, de Rodrigo Maia e de Jovair, outro nome cogitado para o cargo é o líder tucano Antonio Imbassahy (PSDB-BA). Entre os pré-candidatos, Rosso é o único sob investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), o que seus adversários esperam poder usar contra ele, já que, nesta quinta-feira, a Corte caminhou para uma decisão no sentido de proibir réus de ocuparem cargos na linha sucessória da presidência da República.
A investigação aberta contra Rosso chegou ao Supremo em julho deste ano. O caso era investigado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) local, mas, por ser deputado federal, Rosso tem foro privilegiado e pode ser julgado apenas pelo STF. O inquérito apura crime eleitoral e peculato, quando um funcionário público tira proveito indevido em razão do cargo que ocupa. Os fatos teriam ocorrido em 2010, quando Rosso era governador do DF. O deputado nega as acusações e diz que não é alvo de investigação alguma.