Cotidiano

Eleição de Rodrigo Maia na Câmara antecipa cenário de 2017

BRASÍLIA — A eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara precipitou as articulações para a disputa de sua sucessão, em fevereiro de 2017, para um mandato de dois anos. O resultado fortaleceu o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), tido como o favorito da legenda para disputar o posto, e enfraqueceu Jovair Arantes (PTB-GO), que despontava como o deputado mais competitivo do centrão.

Apesar da distância da nova disputa, o assunto fez parte de muitas das articulações que levaram à eleição de Maia. Tanto que o novo presidente chegou a ser confrontado diretamente durante reunião do PMDB, entre o primeiro e o segundo turnos do pleito, sobre o suposto acordo para apoiar o PSDB na próxima eleição. Maia afirmou que não havia compromisso com os tucanos, mas reconheceu aos peemedebistas que seria “natural” sua aliança com eles.

Em entrevista ao GLOBO publicada sexta-feira, Maia deu resposta semelhante, destacando que cabe aos tucanos construir uma candidatura. Imbassahy, embora negue pleitear a vaga, reconhece que o PSDB tem interesse em se colocar como alternativa na próxima eleição.

— O que importa é, com a eleição de Rodrigo Maia, implantar agora uma agenda de interesse do Brasil, manter a base coesa e votar os projetos na direção da reconstrução da economia, como as reformas, inclusive a política. É evidente, porém, que o PSDB, sendo um partido de força e expressão política, e com os quadros que reúne, pode se apresentar como alternativa no momento próprio — afirmou o tucano.

Líder do PTB, Jovair Arantes diz que ainda é cedo para esse debate. Ele não nega a pretensão de tentar disputar, mas diz que uma candidatura é construída e que não basta apenas ter essa vontade.

— Discordo que a eleição de Maia fortaleça candidaturas. Em 2017 teremos outro cenário. Cada um tem a legitimidade de buscar se fortalecer, buscar a convergência — disse o líder do PTB, que acredita ser cedo para definições: — Não posso dizer se sou ou seria (candidato). Não existe candidatura do eu, é do conjunto. Se eu conseguir, serei. Mas ainda não é hora de dizer. E não posso ser o candidato do centrão, mas claro que, eu saindo, posso ter a simpatia dos deputados que compõem esse grupo.

Além de Imbassahy e Jovair, outras candidaturas deverão surgir nessa corrida, que deve ser acelerada a partir de novembro, após as eleições municipais. Maior partido da Casa, o PMDB tem dificuldade para apresentar um nome com viabilidade. Alguns parlamentares do partido citam o ministro do Esporte, Leonardo Picciani. Ele, no entanto, só deixaria o cargo se ocorresse um grande acordo na base em torno de seu nome, inclusive com uma sinalização do Palácio do Planalto para lhe garantir a vitória certa, cenário que, atualmente, é pouco provável.