RIO – O nível de dificuldade das duas aplicações do Enem 2016 foi semelhante, de acordo com a avaliação de professores do QG do Enem. A análise afasta a apreensão dos candidatos que temiam encontrar neste fim de semana uma prova com grau de dificuldade diferente da anterior, realizada nos dias 5 e 6 de novembro.
No primeiro dia, as disciplinas de Ciências Humanas ? História, Geografia e Sociologia/Filosofia ? e Biologia mantiveram o mesmo grau de exigência. Houve uma inversão apenas entre Física e Química: enquanto a primeira contou com questões mais fáceis do que as da prova de novembro, a segunda se mostrou mais difícil.
No segundo dia de prova, de acordo com os professores, os candidatos encontraram uma prova de Linguagens com dificuldade parecida à anterior, exigindo boa interpretação e explorando diversos gêneros textuais.
? Os enunciados de Química forma mais teorizados e aprofundados que os da primeira prova, no mês passado ? comenta Roberto Mazzei, professor da disciplina. ? Novamente, assuntos como efeito estuda e meio ambiente foram muito contemplados. A única coisa que pode ter confundido o aluno é que, em uma mesma questão, havia uso de diversas unidades de medida diferentes.
Segundo o professor Fábio Vidal, de Física, esta prova contou com menos questões conteudistas.
? Embora tenha caído temas que já há algum tempo não eram cobrados, como máquinas térmicas e capacitores, os exercícios eram mais diretos do que na primeira aplicação do Enem ? avalia ele.
Já para o professor de Biologia Eduardo Galves, “não houve surpresas”.
? A prova de sábado revezou entre assuntos que o aluno já espera, porque são amplamente abordados na sala de aula, como biologia molecular, com outros presentes no dia a dia, como meio ambiente ? diz.
Foi considerado um avanço em relação à prova do mês passado a falta de dubiedade nas questões, especialmente em Geografia e História. O professor Leandro Lima, que ensina Geografia no QG do Enem, lembra que, na primeira aplicação do exame, uma questão sobre recursos hídricos trazia duas respostas possíveis, embora uma fosse “mais correta do que a outra”, devido ao contexto. Desta vez, ele afirma, não houve questões polêmicas.
Ele também elogia a existência de um eixo temático no exame: o tema da redação estava conectado com questões abordadas no restante da prova.
? Isso começou a ser posto em prática ano passado e ocorreu tanto no exame do mês passado quanto na prova deste final de semana ? afirma Lima. ? Em geral, as questões de Geografia forma equilibradas, em comparação com a prova anterior. Mas mostraram uma preocupação maior com questões sociais do que com conceitos.
Em História, não foram exigidas informações muito específicas, e sim interpretação, opina o professor Dalton Cunha.
? As questões davam pistas sobre a resposta correta nos textos e nas imagens dos próprios enunciados ? diz ele. ? E houve muito trabalho em cima de questões que abordam movimentos sociais, negros, sindicais. O Enem não fugiu desses assuntos que muitas vezes trazem polarização de opiniões.
Também considerada equilibrada, a prova de Sociologia e Filosofia teve, segundo o professor Enio Mendes, do QG do Enem, apenas uma questão capaz de realmente trazer problemas para os candidatos. Ela aborda o filósofo Platão, mas trata de um dos textos menos estudados dele: “O Banquete”.
? Esse texto nunca tinha aparecido nas provas do Enem, e acho que essa questão pode ter complicado um pouco os estudantes ? comenta ele.
A prova de Português, segundo a professora Lúcia Deborah, seguiu a tendência da última avaliação. Ela cita que, mais uma vez, foi importante ter bom domínio da interpretação de texto.
? A prova estava equilibrada, manteve a tradição de apresentar gêneros textuais diversificados como receitaa, propaganda, poema, prosa, notícias.Cobrou assuntos que a gente sabe que sempre vão aparecer como variabilidade linguística. E mais uma vez, a Gramática aparece aplicada ao texto, como de costume- analisou.
Para o professor de matemática Sandro Davison, o exame deste fim de semana trouxe um nível de dificuldade semelhante ao anterior. Já em uma análise geral da prova, comparando com os outros anos, o professor considera que a prova tem aumentando o grau de exigência.
? O nível estava muito parecido com o da prova de novembro. O Enem é cada vez menos generalista e mais específico e aprofundado. Mesmo temas que tinham uma abordagem voltada a situações reais, como geometria espacial, agora são abordados com uma visão clássica. Se o aluno focou seu estudo a partir da linha cobrada na prova de novembro, certamente levou vantagem agora ? avaliou.