Cotidiano

É preciso institucionalizar a disciplina fiscal, diz secretário da Fazenda

RIO – O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, afirmou nesta sexta-feira que é preciso fechar a porta do excesso do gasto público e institucionalizar a disciplina fiscal. Dessa forma, disse ele, é possível estabelecer plena confiança na solvência da dívida pública.

? Nós tivemos avanços importantes de 1994 a 2006, mas ficou aberta a porta para o excesso de gasto público, que cresceu em todos os mandatos presidenciais de 1994 até agora. O gasto acelerou nos últimos anos e acabou com a mais intensa recessão da historia – apontou Carlos Hamilton, ao participar de seminário na Fundação Getulio Vargas do seminário “Desafios da Economia Brasileira”, em homenagem ao aniversário de 70 anos do professor Antonio Carlos Porto Gonçalves.

Ele reforçou que a agenda anunciada pelo governo – de ações com foco em contenção de despesas e ganhos pontuais de receita, redução nominal da dívida pública e aumento de produtividade e competititividade – permitirá uma trajetória de crescimento sustentado da economia.

Isso porque, segundo ele, o governo deixará de ser o grande absorvedor de poupança da economia e permitirá a desaceleração do viés inflacionário da política fiscal. Com isso, disse Carlos Hamilton, haverá redução estrutural da taxa de juros e será crescente a participação do setor privado na economia, com ganhos de produtividade.

Carlos Hamilton, no entanto, admitiu que há riscos nesse cenário. O primeiro deles é o de que ganhos iniciais de confiança e no preços de ativos sejam prematuramente tratados como ganhos permanentes. Mas ele também vê risco de que haja percepção de falta de credibilidade:

? Há risco de que surja nos mercados a percepção de falta de credibilidade, de falta de convicção frente à necessidade e urgência de implementação da agenda. E há riscos de que ocorram tentativas de desafiar a lógica econômica.

Carlos Hamilton afirmou ainda que o cenário da economia brasileira no início de 2016 lembrava aquele observado no início dos anos 2000, citando a inflação, o desemprego e o risco país.

? O desajuste do balanço do setor público se aprofundou e no início de 2016 tínhamos um cenário parecido com o do início do século. A inflação volta aos dois dígitos, a taxa de desemprego também, que era o que tinha no início do século. O prêmio de risco voltou para 600, patamar que girava no início do século.