RIO ? Nascido em Lisboa, Portugal, o economista Adriano José Reis Martins pertence a um clã que comanda concessionárias no Rio de Janeiro. Estabelecimentos esses citados em documentos da Operação Calicute, na qual o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) foi preso. Foi a partir da delação dele que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal realizam nesta quinta-feira operação para prender o agente fazendário Ary Ferreira da Costa Filho, da Receita estadual, conhecido por “Sombra”.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), as empresas de Adriano Reis repassaram mais de R$ 10 milhões num período de oito anos à LRG Agropecuária, de Carlos Emanuel Miranda, apontado como operador financeiro de Cabral. Há suspeita de que este dinheiro possa ser de propina.
Durante a deflagração da Operação Calicute, Adriano, e o primo, Jaime Luiz Martins, foram levados coercitivamente para depor na Polícia Federal. Eles também foram alvo de mandado de busca e apreensão.
As concessionárias da família, em 2006, doaram cerca de R$ 200 mil para a campanha de Cabral ao governo fluminense. Dois anos depois, juntamente com algumas outras concessionárias, passaram a ser isentas do pagamento de ICMS. O benefício é investigado pela Polícia Federal e pelo MPF. Em 2014, um galpão da Eurobarra, na Barra da Tijuca, serviu como comitê central da campanha do governador Luiz Fernando Pezão. O coordenador da campanha, Hudson Braga, tinha uma sala no local. Na eleição deste ano, Adriano doou R$ 30 mil para Pedro Paulo, que disputou a prefeitura do Rio pelo PMDB.
Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que seis concessionárias do clã movimentaram R$ 101 milhões em atividades consideradas “suspeitas”, ou seja, transferências que envolveram empresas ou pessoas que não têm como comprovar ganho patrimonial para receber um valor tão alto em suas contas.
Prestes a completar 50 anos, Adriano se formou pela Universidade Gama Filho em 1994. No ano seguinte, foi homenageado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando a presidência da Casa era ocupada por Cabral. A autoria do projeto para dar ao economista o Título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro foi do então deputado Antônio de Carvalho
Em 2001, o pai do economista, Adriano Monteiro Martins, recebeu uma moção na Alerj concedida pelo então deputado peemedebista Délio Leal. O parlamentar justificou que a homenagem estava sendo dada à concessionária de Adriano e a ele ?pelos relevantes serviços prestados ao Estado do Rio de Janeiro, no setor da comercialização de veículos?.
Parentes de Ary Ferreira da Costa Filho, ex-assessor de Cabral, incluindo ele próprio, ocupam três apartamentos na Avenida Lúcio Costa, Barra, pertencentes a firmas ligadas a Adriano Martins.