NOVA YORK – O dólar cairá 5% nos próximos meses, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) não elevará as taxas de juros em breve e os dados econômicos dos EUA só vão piorar. É o que o chefe de estratégia cambial global do Morgan Stanley, Hans Redeker, disse aos clientes, citando indicadores internos que mostram que a demanda doméstica dos EUA se enfraquecerá nos próximos meses.
Os mercados não demoraram em demonstrar que ele foi profético na nota, publicada na quinta-feira. O dólar recuou 1,3% na sexta-feira e encerrou a pior semana desde abril depois que o Departamento do Comércio disse que o produto interno bruto (PIB) dos EUA avançou no segundo trimestre a cerca de metade da taxa prevista pelos economistas.
?Estamos bastante pessimistas, em primeiro lugar, em relação ao resultado da economia dos EUA?, disse Redeker em entrevista à Bloomberg TV na sexta-feira, antes da publicação do relatório sobre o PIB. ?Ao analisar nossos indicadores internos, que captam muito bem a demanda doméstica, eles sugerem que a força da demanda vai diminuir a partir de agora?.
O dólar teve um rali nas últimas semanas pela crescente especulação de que o Fed aumentará as taxas nos próximos meses após dados melhores que o esperado sobre emprego, vendas varejistas e produção industrial. As esperanças dos otimistas com o dólar foram contidas na quarta-feira pela declaração desanimada das autoridades do Fed sobre a política econômica, que insinuou apenas um ritmo gradual de ajuste da política monetária. Os otimistas abandonaram as esperanças na sexta-feira após a publicação do PIB, que mostrou um acréscimo anualizado de 1,2% no período de abril a junho, abaixo da mediana das projeções dos economistas consultados pela Bloomberg, de 2,5%.
Agora, os traders de derivativos apostam que há apenas uma chance em três de que as taxas sejam elevadas neste ano, contra mais de 50% no começo da semana. Os dados relativos a julho sobre trabalho e produção fabril, que serão publicados na semana que vem, darão aos investidores uma leitura mais clara sobre o rumo da política do Fed até o fim do ano.
O fortalecimento do dólar será limitado porque a divergência entre as políticas econômicas dos EUA, do Japão e da Europa diminuirá, segundo Steven Englander, diretor global de estratégia para moedas do G-10 do Citigroup.
?O dólar ainda se beneficia quando o crescimento dos EUA parece bom, mas deve ser visto como uma operação de divergências vacilante, não como o tipo de operação de divergências de que falávamos no ano passado ou no retrasado?, disse Englander na sexta-feira à Bloomberg TV.