PARIS ? A menos de três meses das eleições na França, dois candidatos à Presidência enfrentam denúncias de corrupção, podendo prejudicar suas aspirações de chegar ao Palácio do Eliseu. Investigado por um suposto emprego fantasma de sua mulher, o candidato conservador François Fillon caiu na última pesquisa de intenção de voto, divulgada na quarta-feira. Já a candidata da extrema-direita Marine Le Pen é acusada de desvio de recursos pelo Parlamento Europeu. Ambos alegam que as denúncias fazem parte de uma tentativa da oposição de impedir suas as candidaturas.
Ex-primeiro-ministro e candidato pelo partido Os Republicanos, Fillon tem perdido apoio após a revista Le Canard Echaîné revelar nos últimos dias que ele contratou dois de seus filhos como assistentes parlamentares quando era deputado na Assembleia Nacional, e também sua mulher, que nunca pisou no Legislativo francês.
Penelope Fillon teria recebido também ?? 900 mil euros, sem trabalhar, pela função de colaboradora literária na revista La Revue dês Deux Limpes, uma das publicações mais antigas da França ligada à centro-direita.
Na França não é ilegal que um deputado ou senador contrate membros de sua família, mas a revista informou que não existem registros de atividades da mulher de Fillon, que até agora havia se apresentado como dona de casa. Fillon disse que não tem intenção de abandonar a corrida presidencial, e afirmou que só vai abandonar a candidatura se for formalmente acusado.
Outra envolvida em escândalo é Marine Le Pen, candidata pelo partido Frente Nacional (FN). Na quarta-feira, o Parlamento Europeu decidiu cortar pela metade o salário da líder da extrema-direita francesa por desvio de recursos. Le Pen tinha até a meia-noite de terça-feira para restituir ? 340 mil, mas se negou, argumentando que essa é uma estratégia da oposição para prejudicá-la.
Além da redução salarial, a Comissão de Finanças do Parlamento Europeu vai restringir a partir de março os recursos repassados à líder da Frente Nacional para despesas gerais e gastos com diárias.
Le Pen teria usado os recursos para pagar dois funcionários do partido que não atuam em funções relacionadas ao Parlamento Europeu. Cerca de ? 300 mil teriam sido desviados para pagar a chefe de gabinete Catherine Grisset, que trabalha para a FN em Nanterre, na França. Outros 40 mil teriam sido destinados para o pagamento dos salários de Thierry Leger, guarda-costas de Le Pen.
PESQUISA
De acordo com uma pesquisa divulgada na quarta-feira, Fillon seria eliminado no primeiro turno da eleição de abril. Ele perdeu de 5 a 6 pontos desde o início do ano, depois da revelação do caso da mulher pela revista Le Canard Enchaîné.
O candidato receberia 20% dos votos no primeiro turno, sendo superado por Le Pen (26-27%) e pelo ex-ministro da Economia Emmanuel Macron (22-23%).
Macron, que nunca foi eleito para qualquer cargo, derrotaria Le Pen no segundo turno, em maio, com 65% dos votos.
O candidato socialista Benoît Hamon, que venceu as primárias de domingo passado, ficaria em quarto lugar (16%), à frente do líder da extrema-esquerda Jean-Luc Mnélenchon (10%).