Quando se é jovem, ainda procurando encontrar o caminho profissional, a estabilidade financeira e pensando em construir um futuro que, claro inclui família – pelo menos no início dos anos 90 era assim – algo que não toma muito espaço nos pensamentos e projetos é o de ser pai. A classe média dos primeiros aos da chamada “Época de Ouro”, como foi chamada por muitos a década de 90, queria virar a página da história com a força de ter sobrevivido os 1.782% da hiperinflação de 1989… Nem é bom lembrar…
E eu, nessa virada de década, já mergulhado do mundo do jornalismo, com os pés dentro da redação a sucursal da Folha de Londrina, onde também funcionava o extinto semanário da Folha, o Paraná Oeste, conheci a pessoa que me entregaria uma das missões mais fascinantes, a “aventura” mais prazerosa que conheço até hoje. Eu e a Rosi (Rosemari Machado) começamos a namora em 25 (ou 26, há discussão séria sobre isso até hoje) de abril de 1990, começamos a namorar e o projeto chamado “Família” estava lançado. Quatro anos depois, em outubro de 1994, nos casamos e, confesso, realmente não passava pela minha cabeça a questão de ser pai.
“Seu Paulo” e “Vô Silvio”
Sou uma daquelas pessoas que não podem, jamais, reclamar de não ter a figura paterna presente. Meu pai, Valdomiro Paulo de Oliveira, que muita gente conhece como o “Paulo da Gaúcha”, uma referência no comércio de Cascavel, com quase 40 anos de trabalho nas Lojas Gaúcha, ao seu modo me deu o suporte necessário, junto com minha “mana Silvia”, para crescermos como família, profissionais e cidadãos conscientes dos seus deveres e direitos.
Meu avô materno, Silvio Mariani Sobrinho, mais próximo que o “Vô Vicente”, foi meu instrutor no serrote, martelo, machado, no corte de grama e também na atenção para leitura bíblica.
Sim, tenho gratidão a Deus por eles!
Minha vez!
E o tempo foi passando, as experiências da vida crescendo com os erros e acertos naturais da caminhada de todo ser humano, e em setembro de 2000, bem no meio do turbilhão das eleições municipais de 2000, com uma disputa muito acirrada entre os deputados estaduais Edgar Bueno e saudoso Tiago de Amorim Novaes, recebi a notícia: “estou grávida”! Lembro como se fosse hoje da minha reação. Emudeci! “Um milhão” de pensamentos rodaram minha mente em um misto de alegria contida e a abertura de uma página em branco apenas com o título “responsabilidade”.
A partir daquele instante não éramos mais “apenas” eu e a Rosi. Agora, teríamos uma “nova vida” sob nossa responsabilidade. Sim, a partir daquele dia “minha vida nunca mais foi a mesma”. E não poderia ser mesmo! Nos meses que seguiram a gravidez, perfeita e sem nenhuma intercorrência, acompanhar o desenvolvimento e a barriga da Rosi crescendo, sem dúvida, mudou minha concepção de vida.
Sem dúvida, a expectativa de ser pai me fez ser uma pessoa melhor, não que tenha deixado de cometer erros e, às vezes, “esmagar o tomate”, mas o egoísmo e ter o próprio umbigo como centro do universo foi perdendo a força. Em 2 junho de 2001, um dia antes do meu aniversário (3), a Laís chegou para retirar aquela “casca rústica” que me cobria. E, pasmem: troquei a primeira fralda dela no hospital! Até a enfermeira do plantão ficou “impressionada” (rsrs)!
E Deus foi muito “inteligente” comigo e me fez adentrar nesta aventura sendo “pai de menina”. E, quem tem filha sabe que isso é extremamente interessante e desafiador. Se, por acaso, você é meio rústico como eu, precisou e precisa aprender a ser ainda mais delicado e gentil que deve ser com sua esposa. E, automaticamente, dia após dia, fui aprendendo que a vida é muito mais que pagar boletos e comprar coisas. A Laís, sem dúvida, tem a beleza da mãe e também meus traços em sua personalidade: forte, encara as coisas sem medo e tem uma fé que gera milagres (essa é uma história que você pode ler no meu Facebook).
O legado que estamos deixando para nossos filhos é o que demais precioso se pode construir!
Segunda vez!
E, sete anos depois de aprender a ser pai da Laís, então chegou o meu “guri”. Paulo Asafe, que tem nome de poeta e adorador no nome, foi um desafio completamente diferente. Asafe, do hebraico bíblico, significa “ajuntador”, “quem reúne” ou “Deus ajuntou para si mesmo”. Quem me conhece, sabe da minha paixão pela música e que com ela procuro servir a Deus no louvor e adoração, logo, a Rosi, parceira em tudo, não teve dúvidas ao escolher o nome.
E, eu que achava que já “sabia tudo” sobre ser pai, tive que aprender quase tudo de novo – restou apenas à experiência de saber trocar a frauda, agora com uns cuidados a mais. Ser pai de menino é outro desafio. Enquanto a Laís trouxe meu lado mais sensível para fora, com o Asafe a missão é ensiná-lo a ser homem, não com o machismo social incabível, mas com a força de ser responsável e amar; aprender a reconhecer quando se erra e a pedir perdão.
Sem dúvida, não é fácil ser homem com “H” verdadeiro nos dias de hoje. E aí está a graça (presente mesmo) de ser pai de menino. Homem forte não é o “bombadão”, mas aquele que tem a força de se levantar quando cai ou de prosseguir com alegria quando tudo ao seu redor parece impossível. Além da música na veia como sua irmã tem, o Asafe tem um talento artístico nato para as artes plásticas. É extremamente criativo e já domina programas como o Photoshop com maestria, muito melhor que eu… Alias, com seus 14 anos já está mais alto que eu!
Aprendendo sempre!
O ano de 2022 é emblemático para mim. Cheguei aos 50 anos de vida! Meio século de erros, acertos, alegrias, tristezas, realizações, decepções e muito mais coisas que poderia registrar aqui. Vejo meus filhos grandes, fortes, saudáveis, inteligente e com temor a Deus admirável em suas vidas. Como disse antes, o legado que estamos deixando para nossos filhos é o mais precioso tesouro que um homem pode ter.
Hoje, já passo do estágio de ensinar, para aprender com eles. Contudo, para todo homem e toda mulher, o tempo de aprender nunca termina. A experiência que acumulamos nos ajuda a entender muitas coisas, porém, a nova visão que nossos filhos têm a respeito da vida, por vezes, é essencial para corrigir o caminho que ainda estamos trilhando. Afinal, quando eu era apenas “filho”, via e analisava situações e comportamentos dos meus pais e, pensava: “isso não vou fazer” ou “vou ser diferente”. Mas, olha só, às vezes me pego fazendo tendo as mesmas atitudes ou até mais. Por isso, hoje, entendo que ser pai é um eterno processo de aprendizado mútuo e que precisa ser recheado de amor e respeito.
Minha oração, neste domingo e sempre, é que o Pai Celestial derrame suas bênçãos, graça e amor sobre todos aqueles que reconhecem e aceitam o desafio que, definitivamente, muda sua vida por completa e para sempre!
Alegria em hoje não ser apenas o Paulo Alexandre, mas responder com satisfação a pergunta: Você é o pai da Laís e do Asafe? Sim, eu sou sim!
Foto: arquivo pessoal