Cotidiano

Dia do Trabalhador: Desenvolver a criatividade pode pôr fim ao desemprego

Exemplo de economia criativa, arte muda cenários na região norte de Cascavel


Foto: AÍLTON SANTOS
Foto: AÍLTON SANTOS

Toledo – Neste dia 1º de maio, se você é um daqueles trabalhadores que pensam no emprego como uma metodologia formal e que não enxergam na inovação e na criatividade o pulo do gato, saiba que sua vida profissional está fadada ao insucesso. Quem diz isso são os estudos, as pesquisas, o comportamento de mercado e algo que passou a ser levado em conta recentemente por empresas, organizações, corporações, empreendedores… A economia criativa e a criatividade aplicada.

O conceito é exatamente o que o termo sugere: deixar a criatividade aflorar depois de décadas convivendo com um mercado que aparentemente queria profissionais metódicos e encaixotados, ainda no estilo de “Tempos Modernos”, e que haviam perdido as habilidades de inovar. Foram treinados para deixar de pensar com criatividade e passaram a ser executores de tarefas.

Para o entusiasta da Escola da Criatividade, com sede no Paraná e que percorre o Brasil falando desse processo cognitivo, Jean Sigel, esse processo autoeducacional e do coletivo trabalhando unido não deve ser quadrado e encaixotado. As organizações estão se atentando para apostar cada vez mais nesses profissionais. É o processo de acreditar, dar autonomia e pensar na inovação muito além de novos produtos ou serviços.

A valorização do ser humano, seja o profissional ou a ponta do processo de consumo. “Todas as vezes que ministro treinamento ou palestras, quando pergunto quem se considera criativo, em torno de 5% apenas levantam a mão. É pouco, mas todos podem e devem exercitar a criatividade, basta treinar, criar essas habilidades”, reforça.

Jean tem feito isso há dez anos, com trabalhos já desenvolvidos em mais de 50 empresas – de todos os portes – com mais de 10 mil profissionais estimulados a pensar diferente e de forma amplamente criativa, para literalmente sair da caixinha.

Para ele, se a aposta fosse mais firme e concisa na criatividade, os dados do desemprego, que assola mais de 13 milhões de brasileiros, poderiam ser diferentes: “Não existe desemprego ou falta de ocupação para quem é criativo. Seja para a ocupação de uma vaga no mercado formal, seja para empreender, desenvolver o próprio negócio”.

A nova evolução do trabalho e do emprego

A economia criativa aparece como uma alternativa de revolução do trabalho e do emprego. Por vezes chegou a ser visto fora de uma ocupação formal, mas essa mola propulsora tem se mostrado um caminho ímpar às relações sejam elas interpessoais ou de consumo.

Voltado quase que prioritariamente aos setores das artes, da comunicação, da música… ela envolve gente empenhada em desenvolver ações pelo bem comum. Trabalham em casa, fazem seus horários, dividem o espaço com outros profissionais em um conceito de coletividade criatividade.

Silvana Shultz é um desses exemplos. A artesã divide as funções no meio rural, é líder sindical, está inserida em um grupo de mulheres que enxergam na economia criativa e solidária o novo mercado. Viajam a feiras, promovem rodadas de negócio, ensinam seus ofícios. “Há cerca de 20 anos eu me dedicava exclusivamente à agricultura. O artesanato era apenas uma forma de passar o tempo, consegui enxergar minhas potencialidades e hoje percebo que minha criatividade não tem limites. O artesanato já me fez viajar pelo país e passei a me enxergar como indivíduo”.

Restrições

Para Jean Sigel, a criatividade e a inovação refletem nas estatísticas e na modalidade do emprego. A indústria vem sendo dominada pela automação. Cabe então ao setor de serviços essa inovação. O setor tem sido responsável por mais da metade das ocupações formais na região oeste do Paraná. E isso vem se reforçando ano após anos. É ali que têm se concentrado as startup e o mercado da inovação propriamente ditos.

Oportunidade

Mas se você é um dos paranaenses desempregados ou desalentados, saiba que desenvolver a criatividade só depende de você. “Todo o mundo é criativo, só precisa se exercitar. Como fazer isso? Se você é uma pessoa que está desempregada, faça uma regressão, volte no tempo e veja o que você fazia em empregos anteriores, como trabalhava e como você pode mudar suas habilidades”, orienta o especialista.

“É importante que as pessoas vejam que não se pode ter uma única profissão. Antes as pessoas trabalhavam por 30 ou 40 anos na mesma empresa até se aposentar. Hoje é preciso desenvolver múltiplas habilidades, as novas gerações estão mais inseridas nisso. Então minha dica é, busque novas experiências. Desenvolva suas potencialidades, aprenda coisas e certamente você terá uma excelente colocação”, completou Jean.

Economia criativa que colore a vida

E se a economia criativa é o conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico, que tal um exemplo bem prático do que essa metodologia pode fazer?

A indústria criativa estimula a geração de renda, cria empregos e produz receitas de exportação, enquanto promove a diversidade cultural e o desenvolvimento humano. Essas definições vêm do próprio Sebrae, um dos grandes estimuladores da criatividade no ambiente de negócios, mas sobretudo entre as pessoas.

A economia criativa abrange os ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade, cultura e capital intelectual como insumos primários.

Para se ter ideia, a área criativa gera riquezas superiores a R$ 150 bilhões por ano para a economia brasileira, segundo a Firjan. Quer exemplos? Em Cascavel, a economia criativa tem dado um novo rosto à região norte da cidade.

A Secretaria de Cultura e Esportes desenvolve o Projeto Bezalel, em parceria com a Associação Cultural Além da Arte. O Conjunto Sanga Funda recebeu um colorido especial.

O projeto conta com apoio da prefeitura e tem parceria com as associações de moradores daquela região, além da empresa Coral Tintas.

O objetivo é reforçar os laços da comunidade por meio da arte urbana, colorindo o cotidiano das pessoas, trabalhando a autoestima dos moradores e levando alegria às casas do bairro pelo grafite.

O projeto começou em abril e segue até junho com a participação de 20 artistas sul-americanos. Exemplo que muda vidas e transforma profissões.