RIO ? Quando a febre dos food trucks começou no Rio, há cerca de dois anos, os cariocas foram brindados com mais uma opção de lugar para bebericar e comer. Já os designers da cidade ganharam mais um nicho de mercado. Com a popularização dos carrinhos, explica a designer Gabby de Souza, uma das sócias da BeeDesigner, os donos do negócio perceberam que é preciso fisgar o cliente pelos olhos, para depois alcançar o estômago. E, com isso, incluíram no investimento a contratação de um profissional para cuidar do visual dos carros. Surgiram, então, food trucks coloridíssimos, que chamam a atenção nas ruas não só pelo cardápio.
Não à toa os mais badalados carregam cores combinadas com o menu, logomarca caprichada e decoração que convida a clientela a puxar uma cadeira ou banquinho e pedir mais uma.
? Hoje em dia, como tem muito food truck, quem quer algo diferente consegue isso pelo design. O cliente, quando está andando na rua, é atraído para um ou outro primeiro pelo desenho da fachada, pela logomarca e pela cor ? avalia Gabby de Souza.
Mas não basta ser só belo. O projeto de um food truck tem suas peculiaridades. A tinta usada na pintura do carro precisa ser durável e resistente à ação do tempo. Por isso, a maioria usa a do tipo automotiva. Como esses restaurantes sobre rodas costumam mudar preços e até os tipos de pratos, dependendo do evento ou do local em que estacionam, o menu é geralmente apresentado num quadro-negro. Outro detalhe que faz diferença: cuidar dos quatro lados do truck com o mesmo esmero.
? Quando a pessoa carrega o truck nas ruas, os clientes veem tudo. Então, o projeto tem que incluir portas, laterais, além da frente e dos fundos ? ressalta Gabby.
A empresária Ariella Braz, proprietária do Cogu, food truck especializado em cogumelos, quando decidiu lançar seu trailer, fez questão de encomendar um projeto. Inicialmente, pensou num estilo mais rústico, que lembrasse o cenário rural de uma plantação de cogumelos. Depois de conversar com a designer, optou por um meio-termo. A logomarca, Cogu, é um cogumelo estilizado, mas o carro ganhou desenhos de utensílios culinários que remetem a uma cozinha de fazenda.
? Além disso, queríamos um trailer com formato mais arredondado, que conversa com o produto ? conta Ariella, que escolheu as cores amarelo ovo e marrom para o projeto.
Carolina Quintanilha, sócia do Carolinas, que vende bolos e doces feitos como nos tempos da vovó, escolheu um visual inspirado no passado, porém moderno.
? Quando decidimos lançar o food truck, pretendíamos fazer algo diferente, porque a fábrica entrega todos os carros iguais. Achamos que ia combinar com o nosso produto um visual retrô, mas um retrô moderno, clean, sem muito fru-fru ? conta Carolina, acrescentando que foram aplicadas as cores e a logo da época em que o negócio era uma barraca de bolo.
A tarefa de criar um caminhão de doces personalizado foi dada à arquiteta Flavia Quintanilha, do escritório Architectare, que desenvolveu um formato diferente de trailer, encomendado à fábrica.
Com a concorrência aumentando, os empresários do ramo aprenderam que precisam capturar a clientela nas ruas. Foi com essa ideia que Angélica Mota trabalhou a decoração de seu Trap Food Truck, de hambúrgueres. As cores do espaço ? preto, amarelo e vermelho ? seguem indicações da cromoterapia.
? Optamos por cores que remetem à fome e que chamam a atenção do público. No design, usamos a ideia de placas de trânsito animadas para impactar. Afinal, nada melhor do que uma placa de trânsito para nos fazer lembrar de comida servida sobre rodas. Na escolha dos pães, tentamos utilizar a mesma paleta de cores vista no truck para fixação visual da marca ? explica Angélica.