SÃO PAULO ? A força tarefa da Lava-Jato desconfia da real condição de saúde do pecuarista José Carlos Bumlai. Os investigadores pediram ao juiz Sérgio Moro um médico perito para avaliar se o amigo do ex-presidente Lula, que teve um diagnostico de câncer na bexiga, precisa mesmo ficar em casa para receber tratamento de saúde. Na semana passada, a defesa do empresário pediu a renovação da prisão domiciliar dele alegando novos problemas de saúde.
?Causa perplexidade a reiterada descoberta de novos problemas de saúde ou o início de tratamento de doenças apenas após a decretação da prisão preventiva do investigado. Por essas razões, parece necessária a nomeação de um perito judicial para atestar o real quadro médico apresentado por José Carlos Bumlai?, afirma o documento encaminhado a Moro nesta segunda-feira.
Os procuradores pediram a suspensão da prisão domiciliar do empresário concedida pelo juiz em março e o retorno imediato dele ao Complexo Médico Penal em Pinhais. Bumlai está em São Paulo desde que Moro aceitou o argumento da defesa, que afirma que o ambiente carcerário não é adequado para o tratamento que ele necessita. Segundo a defesa de Bumlai, o tratamento da doença envolvia ações semanais.
Na semana passada, os advogados informaram que o tratamento dele contra o câncer teve que ser interrompido após ele apresentar sintomas de desmaios, tonturas e dificuldades respiratórias. Os médicos, segundo a defesa, suspeitam de problemas cardíacos. Preventivamente, ele passou a fazer o Programa de Reabilitação Cardíaca no Hospital Sírio Libanês.
Os investigadores pediram a suspensão do tratamento para o coração, ?ainda que temporária?, até que aja a real necessidade dele. Segundo eles, não há ?exames, laudos e diagnósticos demonstrativos de sua necessidade?. Mesmo se contatada as doenças, a força tarefa quer um laudo que aponte ?incompatibilidade absoluta? do tratamento médico do empresário preso.
?Sem a devida e necessária comprovação do quadro de saúde narrado, inclusive a partir de perícia médica judicial, inexistem os motivos que antes afastavam o cabimento a prisão preventiva, sendo caso de restabelecimento da medida anteriormente decretada?, afirma o documento.
Na semana passada, Bumlai tornou-se novamente réu em ação penal por obstruir as investigações da Operação Lava-Jato ao lado do ex-presidente Lula e do ex-senador Delcídio do Amaral.