BRASÍLIA – Os poucos, os aliados de Eduardo Cunha chegavam, silenciosos, à entrada da Câmara dos Deputados, a Chapelaria. O ainda presidente, afastado, foi recebido às 13h num clima de consternação e de pouco euforia. Ao contrário de outros momentos, como no anúncio que fez da abertura de impeachment de Dilma Rousseff, o semblante do peemedebista estava fechado e quase nenhum dos aliados registrava selfies e vídeos. Exceto o capitão Augusto (PR-SP), um deputado militar que anda fardado pelos corredores.
Se a recepção já não era de euforia, o clima piorou logo que Cunha deu os primeiros passos dentro do Congresso. Uma meia dúzia de petistas atormentaram sua vida.
Dilma! Volta Dilma! Fora Cunha! Fora Cunha! gritavam.
A ativista mais inflamada, a servidora pública Olenise Santos, de 52 anos, levantou uma pequena bandeira com a inscrição “Dilma”. Foi quase atropelada pelo grupo que seguia Cunha e chegou a cair no chão. Ela disse depois ao GLOBO.
Ando sempre com essa bandeirinha. Nem sabia que o Cunha ia passar aqui. Uma pena. A bandeira do Fora Temer não estava aqui comigo agora lamentou.
Antes de seguir para o Salão Nobre da Câmara, todo preparado pelos seguranças da Casa para atender e servir ao presidente afastado, Cunha protocolou oficialmente a renúncia. Ao chegar ao salão, cercado de seguranças e de aliados, ainda passou por um constrangimento: o microfone à sua disposição não funcionava. O aliado e líder do PTB, Jovair Arantes (GO), tentou ajudar.
Espera o microfone. Espera o microfone! Só fale quando o microfone chegar sugeriu Arantes.
Eduardo Cunha deixou o Salão Nobre, foi para uma sala auxiliar, logo que encerrou a leitura da carta, sem responder a qualquer pergunta. Só aliados o acompanhou. Jornalistas foram barrados.
O clima não foi de velório, mas de solidariedade disse Arantes.
Minutos depois, Cunha usou a rampa do Congresso Nacional para deixar o prédio na sua despedida do cargo, que ocupou por um ano e meio.
A satisfação à imprensa ficou por conta dos aliados, que já tratavam de sucessão do amigo.
Agora está consumado. Já posso falar de sucessão disse Marcelo Aro (PHS-MG).