BRASÍLIA – A aliados que visitaram o presidente afastado da Câmara na noite de terça-feira, após o Conselho de Ética votar pela cassação de seu mandato, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse estar “decepcionado” e “surpreso” com o resultado da votação, postergada durante sete meses.
A surpresa maior foi o voto da deputada Tia Eron (PRB-BA), que vinha dando sinais ao grupo de Cunha de que votaria por uma punição mais branda ao peemedebista. Mas o que o deixou “verdadeiramente irritado”, disse um deputado, foi a traição de Wladimir Costa (SD-PA), que na hora H votou contra Cunha. Costa é do Solidariedade, partido de Paulinho da Força (SP), um dos mais ferrenhos defensores do presidente afastado da Câmara e dado como voto certo para Cunha. Ele proferiu seu voto logo depois de Tia Eron, último do bloco aliado do peemedebista.
Logo após o resultado do Conselho, alguns deputados seguiram, juntos, para a residência oficial do presidente da Câmara para prestar solidariedade a Cunha. Entre eles, André Fufuca (PP-MA), Marcelo Aro (PHS-MG) e Alberto Filho (PMDB-MA).
CUNHA SE REÚNE COM ADVOGADOS
Já de madrugada, quando acabaram as votações na Câmara, foi a vez de o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que tomou a frente das negociações no Conselho de Ética, visitá-lo. Marun foi sozinho, mas encontrou Cunha negociando estratégias de defesa com dois de seus advogados.
Ele negou qualquer conversa sobre a possibilidade de o peemedebista celebrar um acordo de delação premiada, e afirmou que ele continua se negando a renunciar.
Ele estava obviamente decepcionado, surpreso, mas conversando com os advogados as estratégias de defesa a partir de agora. Mas nunca ouvi da boca dele história de fazer delação disse o deputado.
Marun disse que o voto de Wladimir Costa foi “folclórico” e “inexplicável”, mas que a grande decepção foi a decisão de Tia Eron de votar contra Cunha:
O voto do Wladimir foi um voto folclórico, passa a fazer parte do anedotário da vida parlamentar brasileira. Mas o resultado da piada é nefasto. Ele encaminhou voto contra (o relatório) e votou a favor, é um voto inexplicável criticou.
Outros deputados que estiveram com o presidente afastado contaram que ele estava irritado com a traição de Costa e chegou a conversar, por telefone, com Paulinho da Força, para perguntar o que tinha ocorrido. Também disse a aliados que se sente injustiçado com o resultado da votação de ontem.
Ele ficou irritado com o voto do Wladimir, garantido a ele pelo Solidariedade. Disse que está sendo injustiçado, que o processo tem várias nulidades e que vai recorrer contou um deputado.