Cotidiano

Crivella encontra Freixo e diz que segundo turno com xará seria ?melhor dos mundos?

20160911_144733.jpgRIO – Um encontro inesperado entre dois candidatos a prefeito que podem se enfrentar no segundo turno das eleições do Rio chamou a atenção de quem almoçava na Feira de São Cristóvão no início da tarde deste domingo. Marcelo Freixo (PSOL) e Marcelo Crivella (PRB) escolheram o mesmo local para fazer campanha e admitiram que gostariam de se enfrentar em um possível segundo turno.

? Diria a você, de todo o coração, que seria uma boa opção pela cidade ? disse Crivella, líder nas pesquisas de intenção de voto, quando perguntado se o encontro na feira poderia se repetir no segundo turno. ? Acho que seria uma lição para o PMDB por todos os equívocos.

Marcelo Freixo retribuiu a gentileza. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, ele tem 11% de intenção de votos, tecnicamente empatado com quatro candidatos: Jandira Feghali (PC do B), com 8%; Pedro Paulo (PMDB), com 8%; Indio da Costa (PSD), com 6% e Flávio Bolsonaro (PSC), com 6%. Freixo destacou que a segunda etapa seria uma oportunidade de disputar de igual para igual, já que o tempo de TV é dividido igualmente.

? Eu acho que é o mais provável. Mesmo com toda a diferença de tempo de TV, a gente se mantém em segundo, em um crescente. É um segundo turno que traz uma grande vantagem, que seria a derrota do PMDB já no primeiro turno. O PMDB faliu o Rio de Janeiro, então já seria um ganho para a cidade ? disse Freixo. ? Acho que é um segundo turno com muito debate, mais aprofundado e mais igualitário. O segundo turno é mais democrático.

VALORIZAÇÃO DA CULTURA NORDESTINA

A agenda de Crivella foi alterada na última hora. A princípio, o candidato tiraria o dia para gravar programas de TV. Segundo a equipe, ele conseguiu ir à feira porque teve um de seus compromissos adiados. Os xarás se encontraram em um restaurante, enquanto Freixo almoçava. Crivella foi ao local para assinar um termo de compromisso, prometendo apoiar os organizadores da Feira de São Cristóvão, um importante centro cultural do cidade, voltado para as tradições nordestinas.

Quando se encontraram, os dois se abraçaram e conversaram rapidamente. No último debate, transmitido pela Rede TV, Crivella e Freixo chegaram a convergir em alguns pontos, principalmente nas críticas ao candidato do governo, Pedro Paulo (PMDB). Ambos destacaram, no entanto, que há divergências entre os dois programas.

? Eu li o programa do Crivella, que tem claramente alguns traços do Garotinho. Na educação, por exemplo, tem algo semelhante ao Nova Escola, que foi do Garotinho. Tenho muito respeito por ele, a gente tem um bom diálogo, mas temos diferenças, claro ? disse Freixo.

Já Crivella avalia que a forma do PSOL conduzir alianças políticas é a principal divergência que divide os dois candidatos.

? Talvez a questão de fazer política (seja o principal ponto de divergência). Como o Freixo, eu também sei que a política se deteriorou muito. Mas o contrário da má política não é a antipolítica. É a boa política. Acho que o PSOL, não o Freixo, é uma postura de não fazer alianças. Acho que a política impõe alianças. A primeira coisa que se exige do político é poder de convencimento. Ele precisa convencer os demais para que a coisa ande. Sozinho não dá para fazer nada ? avaliou.

Na feira, os dois candidatos destacaram a importância de valorizar os espaços de lazer da cidade. Crivella assinou um termo de compromisso apresentado pelo grupo que representa os nordestinos da Feira de São Cristóvão. Freixo afirmou que também pretende assinar o documento, que está sendo apresentado a todos os candidatos à prefeitura.

? A história de uma cidade é muito importante. E acho muito importante que a gente tenha a memória nordestina. O Rio de Janeiro tem essa composição múltipla, uma quantidade grande de negros, de nordestinos. Você pode ter um local de resgate de memória mais organizado pelo poder público. Aqui na Feira, tem problemas de linhas de ônibus à noite. Quando você sai daqui, tem um prejuízo muito grande por um problema de mobilidade muito sério. Assim como o problema de iluminação. São medidas que custam muito pouco e acho que a Prefeitura pode e deve fazer porque é um lugar fundamental na memória do Rio de Janeiro ? disse Freixo.