RIO ? Ir à escola é, literalmente, um risco de vida para um grupo de 15 crianças de um pequeno vilarejo no condado de Zhaojue, na província de Sichuan, na China. Elas escalam um penhasco de 800 metros, com a mochila nas costas, contando apenas com o apoio de uma velha escada de bambu.
Imagens da dura realidade enfrentada pelas crianças entre 6 e 15 anos foram publicadas originalmente em um diário de Pequim, mas se espalharam pela imprensa internacional. Com a repercussão do caso, a prefeitura local prometeu instalar uma escada de aço como esforço paliativo, antes que uma solução permanente seja aplicada. O governo estuda a construção de uma estrada para o vilarejo, que pode impulsionar o turismo na região.
As crianças vivem em Atuler, um pequeno povoado de 72 famílias situado a 1.400 metros acima do nível do mar. A subsistência vem do cultivo de batatas, pimentas e nozes, e a única forma de contato com o resto do mundo é pela perigosa trilha com 17 escadas de bambu fixadas em nas paredes rochosas.
O trajeto demora cerca de duas horas para ser cumprido. De acordo com relatos dos moradores, além do risco visível ? ?sete ou oito? pessoas já perderam a vida nas escadarias ?, a dificuldade de acesso prejudica as receitas com a produção. Comerciantes aproveitam a situação para pagar menos, já que eles sabem da impossibilidade de carregar produtos não vendidos para o topo da montanha.
O fotógrafo Chen Jie, autor das primeiras imagens, disse acreditar que a publicidade dada ao caso poderia ajudar a mudar a ?dolorosa realidade? dos moradores de Atuler.
? Não há dúvidas que fiquei chocado com as cena que vi ? disse Jie, que subiu e desceu as escadas três vezes, em entrevista ao ?Guardian?. ? É muito perigoso. Se você sofrer algum tipo de acidente, cai direto em um abismo.