NOVA YORK ? Um grupo de estudantes americanos, sendo o mais jovem uma criança de 9 anos, está processando o presidente, Donald Trump, pelas mudanças implementadas por ele nas políticas do país sobre mudanças climáticas. Segundo a advogada dos autores, a alegação é as alterações colocam seus futuros em risco.
Desde que assumiu a Casa Branca, há menos de um mês, Trump adotou medidas polêmicas em relação ao combate às mudanças climáticas, como a indicação de Scott Pruitt, defensor da indústria petrolífera, no comando da Agência de Proteção Ambiental; retirou do site oficial da presidência informações sobre planos para a redução na emissão de gases-estufa; e liberou a construção de dois oleodutos que estavam com as obras interrompidas há dois anos por disputas indígenas e ambientais.
Segundo Julia Olson, advogada do grupo de 21 estudantes, a ação foi aberta há dois anos contra o governo dos EUA. Na ocasião, o ex-presidente Barack Obama era citado, mas com a sucessão na presidência, ele foi substituído por Trump. Apesar de a substituição ser processual, os jovens ativistas foram estimulados por declarações de Trump, que negam o impacto da ação humana sobre o clima.
? Eu tenho a esperança que o nosso caso reverta ou previna todo o dano que nosso atual presidente possa infligir ? disse Aji Piper, de 16 anos, um dos autores da ação.
O processo foi aberto num tribunal federal no estado do Oregon em 2015, alegando que a resposta do governo às mudanças climáticas tem sido lenta, o que viola os direitos constitucionais dos jovens autores, com idades variando hoje entre 9 e 20 anos. Segundo a ação, o governo dos Estados Unidos, e várias agências governamentais, sabem há mais de 50 anos que o dióxido de carbono resultante da queima de combustíveis fósseis estava desestabilizando o sistema climático, impondo riscos para as futuras gerações. O julgamento deve começar ainda este ano.
? Os EUA são os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas ? disse Julia, em entrevista à Reuters.
Consultado, o advogado do Departamento de Justiça que cuida do caso afirmou não estar autorizado a comentar. Trump, que assumiu a presidência no dia 20 de janeiro, disse em diversas oportunidades que o aquecimento global se trata de uma farsa inventada pela China para superar os EUA como maior potência global.
Para Michael Gerrard, da Universidade Columbia, em Nova York, a nomeação de Pruitt para a EPA, advogado cético em relação às mudanças climáticas, sinaliza retrocessos nas políticas ambientais americanas.
? Tem o efeito simbólico por mirar no indivíduo que nos últimos anos se tornou o maior obstáculo para as ações dos EUA na luta contra as mudanças climáticas ? disse Gerrard.