PARIS ? O grupo anarquista grego Conspiração das Células de Fogo é principal suspeito pelo ao atentado ao escritório do Fundo Monetário Internacional, em Paris, que feriu uma funcionária nesta quinta-feira. Em outro ataque semelhante, a organização reivindicou a autoria do envio de um pacote-bomba ao ministério alemão de Finanças, na quarta-feira. A Conspiração faz parte de um movimento anarquista e de extrema-esquerda ainda ativo na Grécia. Cartas-bomba
Criado em 2008, o grupo surgiu com a revolta da morte de um adolescente, assassinado pela polícia grega. Os primeiros ataques foram direcionados à residência de um procurador, em fevereiro de 2009; ao tribunal de Salônica, norte do país, em maio do mesmo ano; à casa de um ex-ministro da Ordem Pública, em julho, e ao Parlamento em janeiro de 2010.
No final de 2010, o grupo fez com que a Europa entrasse em alerta com uma série de cartas e pacotes-bomba enviados a líderes europeus importante, como a chanceler alemã, Angela Merkel, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, o ex-premier da Itália Silvio Berlusconi, e ainda a José Manuel Barroso, o presidente na época da Comissão Europeia. Nenhum destes pacotes fizeram vítimas.
A Conspiração também havia enviado bombas a outras instituições e embaixadas europeias, mas a maioria acabou interceptada no aeroporto de Atenas. Eles continham, geralmente, livros ocos e cheios de pó de fogos de artifício. O grupo afirmava colaborar com os anarquistas italianos da Federação Anarquista Informal (FAI), também conhecida por enviar cartas-bomba na Itália desde a década de 2000.
Em 2011, vários dos seus membros da Conspiração foram presos, incluindo dez homens jovens, condenados por participação em uma organização criminosa. O grupo anunciou o seu “retorno” em 2014 e, desde então, assinou ações esporádicas, sem fazer vítimas, incluindo um ataque contra os escritórios do partido Socialista grego Pasok, então no poder em um governo de coalizão. Na época, a polícia acreditava que a Conspiração atraia segmentos radicalizados da juventude grega, em um contexto de crise social e econômica no país.
Antes dos recentes ataques, o último ato da Conspiração foi em outubro de 2016, com um ataque a bomba contra a residência em Atenas de um magistrado do Ministério Público. O grupo incentivou a criação de outros dentro movimento anarquista. Em abril de 2014, o Banco da Grécia foi alvo de uma explosão, dessa vez reivindicada pelo grupo “Luta Revolucionária”. Um ataque com granadas contra a embaixada da França em Atenas, em novembro de 2016, foi reivindicado pelo grupo ?Organização de Autodefesa Revolucionária?.
O movimento anarquista segue vivo na Grécia, mas atua de forma muito menos violenta do que os grupos de guerrilha urbana de extrema-esquerda ativos por várias décadas após a ditadura militar (1967-1974), como o 17-Novembro, desfeito em 2000.
Nos últimos anos, a situação política e social se tornou menos tensa na Grécia em comparação com os principais acontecimentos de 2010 à 2012. No entanto, o país continua em crise, diante de medidas de austeridade exigidas pelos credores, enquanto as diferenças na avaliação macroeconômica entre o FMI e o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble bloqueiam o pagamento de uma nova parcela de auxílio. Carta que explodiu na sede do FMI tinha remetente grego