BRASÍLIA – A comissão especial do impeachment retomou nesta manhã os trabalhos já num clima de bate-boca sobre a atuação do presidente interino, Michel Temer, para acelerar a data do julgamento final do impeachment para 25 ou 26. O assunto foi levantando pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que chamou de “intervenção indevida” de Temer, citando seu jantar na residência do ministro do Gilmar Mendes e depois em almoço com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Lindbergh e o presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), concordaram que quem marca a data é o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que é o presidente do processo de impeachment.
? Almoça com o presidente da República e diz que vai antecipar? Que acordão é esse? O presidente do STF não vai aceitar esse tipo de chantagem. Pressão indevida de Michel Temer ? disse Lindbergh, lendo matérias de O GLOBO sobre jantar na residência de Gilmar Mendes e almoço com Renan na terça-feira.
A oposição vai reclamar ao presidente do Supremo da pressão de Temer e do PMDB, em encontro às 19h desta quarta-feira. Lindbergh leu novamente a matéria de O GLOBO de Temer na residência do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, realizado na noite de segunda-feira. Temer disse que pediria a Renan a antecipação do julgamento, que inicialmente começaria dia 29, conforme anunciou o presidente do STF no sábado.
? Estou falando contra a intervenção indevida do vice-presidente Temer ? disse Lindbergh.
? O senhor tem que reclamar com o Lewandowski e não com Temer. Pelo amor de Deus! ? reagiu o líder do governo Temer no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
O senador Magno Malta (PR-ES) provocou os colegas petista.
? Você fez isso dez vezes ontem, lendo a matéria de O GLOBO. Você está querendo tumultuar. E até a presidente Dilma disse que não aguenta mais ? disse Magno Malta.
? Mentira!! ? reagiram os petistas.
? Chame o Renan de mentiroso, então, porque ele disse em plenário que ela não aguentava mais ? retrucou Magno Mala.
O presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB), contou que esteve com Lewandowski e ele marcará a data depois do dia 9, quando será votado o segundo parecer pelo impeachment de Dilma.
? Estive ontem com o Lewandowski e ele disse que só depois da denúncia ele marcará a data, ou estaria fazendo juízo de valor antecipado ? disse Raimundo Lira.
A sessão de hoje é para a discussão do segundo parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que pediu ontem a continuidade do processo e o julgamento final da presidente afastada Dilma Rousseff. Nos bastidores, os presidentes do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentar fechar de comum acordo a data do julgamento e os procedimentos, para não haver vencedores e vencidos no processo.
Lewandowski e Renan se reúnem nesta quinta-feira, depois da votação do processo.