BELO HORIZONTE ? Popular ex-presidente do Atlético Mineiro, o empresário Alexandre Kalil (PHS) ? que aparece em segundo lugar na pesquisas ? adotou o slogan “Chega de político” na sua campanha à prefeitura de Belo Horizonte. Mas, no dia a dia, repete a rotina e cumpre roteiro dos candidatos tradicionais: visita bairros da periferia, tira foto com criancinha e com time de futebol e utiliza as imagens em seu programa eleitoral. Kalil ainda tem o apoio financeiro de alguns dos grandes empresários da cidade. Do total que sua candidatura arrecadou até o momento ? R$ 530 mil ? 75% (R$ 400 mil) vieram de três empresários ligados à empreiteira e uma rede de supermercados.
Kalil está em segundo lugar com 21% das intenções de voto, atrás de João Leite (PSDB), ex-goleiro do Atlético, com 33%, segundo pesquisa do Datafolha divulgada na semana passada. O terceiro colocado, Délio Malheiros (PSD), tem apenas 6%. Há onze candidatos na disputa. Num eventual segundo turno, o tucano venceria Kalil, com 48% a 31%, se fosse hoje a votação. Ele presidiu o Atlético durante seis anos e, na sua gestão, conquistou a Taça Libertadores da América e a Copa do Brasil.
Alexandre Kalil se apresenta como uma espécie de “outsider” da disputa. Critica o “político profissional” e os caciques e diz que não promete e nem vai construir nada. E que seu objetivo é retribuir a Belo Horizonte o que a cidade lhe deu. Seu desempenho nas pesquisas vêm do seu “recall” de ter presidido o Atlético. Ele tem apenas 23 segundos de tempo na propaganda de rádio e TV. Entre os 11 candidatos, é apenas o oitavo com maior tempo de exposição.
? Não tenho um chefe, um padrinho, não fui fabricado por ninguém ? diz.
Kalil diz que o apoio do empresários ? antigos patrocinadores do Atlético Mineiro ? é natural.
? São meus amigos, que fiz no Atlético. Como nunca me deram propina, se sentiram obrigados a me ajudar agora. São meus amigos da iniciativa privada. E resolveram me ajudar. Se não puder ajudar também doando no CPF (como pessoa física) fica difícil. Se doou é porque ele pode e porque é meu amigo. E temos relações desde o tempo do clube. Não vejo nada demais. Tem que ver de onde vem a doação dos outros.
Neste domingo, o candidato visitou a Vila Acaba Mundo, uma região carente localizada na Zona Centro-Sul da cidade. Visitou um posto de saúde, tirou fotos com criancinha no colo e também com um time de futebol campeão num torneio. Ele disse ao GLOBO, apesar da vantagem, que é preciso aguardar o resultado.
? Não tem nada liquidado até abrir a urna. Isso eu aprendi com o futebol ? afirmou.
? Vamos aguardar com tranquilidade o resultado. Falamos a verdade, e parece que a população gostou. Não estava acostumada. Por isso, estamos chegando ao segundo turno.
O candidato Já faz planos para uma eventual disputa final contra João Leite e acena para novas composições. E diz quem quer ? o PT ? ou não quer ter a seu lado ? o grupo ligado ao atual prefeito Márcio Lacerda (PSB), que apoia seu vice-prefeito, Malheiros. O candidato petista, o deputado Reginaldo Lopes, está num empate técnico em quarto lugar e está longe de ser um candidato competitivo.
? Não vou procurar ninguém. Tem gente que nem se quiser vir não quero. Quero gente de qualidade.
Sobre o PT, afirmou:
? O PT vai vir, né? Do outro lado está o 45 (número do PSDB). O PT virá naturalmente.
Esta não é a primeira incursão de Kalil na política. Em 2014, ele se lançou candidato a deputado federal, pelo PSB, mas desistiu. E justificou à época:
? Não vou me rebaixar a ser político. Não nasci para ser político. Nasci para ser presidente do Atlético Mineiro ? afirmou ao largar sua candidatura. Ele estimava ter 400 mil votos.