Cotidiano

Colômbia e Farc chegam a acordo para substituir plantações ilícitas

HAVANA – O governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram nesta sexta-feira um acordo conjunto para levar adiante um programa de substituição voluntária de cultivos ilícitos na zona rural de Briceño, na zona rural do departamento de Antióquia. O programa, que entra em vigor no dia 10 de julho, será implementado em dez fazendas da região, e contará com o acompanhamento de um grupo que inclui o Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (Unodc, na sigla em inglês), a Organização Internacional para as Migrações (OIM), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) e a participação de líderes das comunidades locais.

Essa é a segunda vez em um ano que Briceño é escolhida como epicentros dos avanços no processo de paz entre as Farc o e governo colombiano. No mesmo município, desde o ano passado, é aplicado um plano humanitário de erradicação de minas terrestres.

As partes informaram que o programa se integrará aos projetos em desenvolvimento e será executado no território no âmbito do programa de desminagem.

?Uma vez assinado o compromisso comunitário com a substituição e não replantio com o objetivo de desenvolver o território e facilitar a transição para economias agrícola legais, será colocado em ação um plano de atenção imediata de desenvolvimento de projetos como destacado no item ?solução para o problema das drogas ilícitas? do acordo geral para o fim do conflito?, afirma o documento divulgado em Havana, onde governo e Farc realizam as negociações.

O comunicado também destaca que o governo nacional se compromete a colocar em funcionamento medidas logísticas e de segurança para garantir a participação dos delegados das Farc nas fases de preparação e desenvolvimento do plano.

A substituição de cultivos ilegais é um desdobramento de um dos mais importantes pontos do processo de paz na Colômbia: o compromisso das Farc de abandonar qualquer vínculo com o narcotráfico. No mês passado, na capital cubana, a guerrilha ? que negou tomar parte na venda de drogas ilícitas ? apresentou o programa de substituição de cultivos ilícitos como condição para assinar o acordo, além da implementação de programas de saúde pública e prevenção ao consumo de narcóticos. Na ocasião, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, reconheceu que ?o problema do consumo de drogas no país provavelmente não desapareceria?, mas destacou que o governo poderia ?concentrar seus esforços em atacar as estruturas do crime organizado na Colômbia?.

Além do narcotráfico, outros quatro pontos são negociados no processo de paz: o desenvolvimento agrário na zona rural do país, a participação das Farc na política nacional, o fim da guerrilha armada e os direitos de reparação às vítimas do conflito.