BRASÍLIA – Após o anúncio de que o projeto que legaliza a exploração comercial de jogos de azar será votado dia 7 de dezembro no plenário do Senado, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reagiu contra a iniciativa e afirmou, por meio de nota, que acompanha com ?apreensão? a tramitação da medida.
No texto, que se inicia com a citação bíblica ?Uma árvore má não pode dar frutos bons?, a CNBB reafirma seu posicionamento contra as tentativas de legalização dos jogos de azar. A nota é assinada pelo presidente da CNBB, Dom Sergio da Rocha, que é arcebispo de Brasília e foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco.
?Os argumentos de que a legalização do jogo de azar aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a criação de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise econômica seguem a nefasta tese de que os fins justificam os meios. Esses falsos argumentos não consideram a possibilidade de associação dos jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado?, diz o texto.
Na nota, Dom Sergio pede que os parlamentares votem contra a medida e diz que a autorização do jogo ?não o tornará bom e honesto?.
?O jogo de azar traz consigo irreparáveis prejuízos morais, sociais e, particularmente, familiares. Além disso, o jogo compulsivo é considerado uma patologia no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde. O sistema altamente lucrativo dos jogos de azar tem sua face mais perversa na pessoa que sofre dessa compulsão. Por motivos patológicos, ela acaba por desprezar a própria vida, desperdiçar seus bens e de seus familiares, destruindo assim sua família. Enquanto isso, as organizações que têm o jogo como negócio prosperam e seus proprietários, os ?senhores do jogo?, se tornam cada vez mais ricos?, aponta a nota.
Na próxima semana, haverá nova iniciativa contra a aprovação do projeto. Está marcado para o dia 25 um ciclo de palestras para debater o tema, no auditório da procuradoria-geral da República do Rio de Janeiro. Advogados, acadêmicos e integrantes do Ministério Público discutirão no evento intitulado ?Legalizar a jogatina é solução para o Brasil??.
Na semana passada, a Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional do Senado aprovou o projeto que legaliza a exploração comercial de jogos de azar em todo o território nacional. O texto inclui modalidades como jogo do bicho, bingos, apostas eletrônicas, jogos praticados em cassino, sweepstake (aposta em cavalos), entre outros.
Ontem, o presidente do Senado anunciou que pretende votar o texto em plenário antes do recesso parlamentar. A data marcada por Renan é 07 de dezembro. O projeto foi apresentado em 2014 pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) ? denunciado ontem pelo Ministério Público na Operação Lava-Jato ? e o relatório aprovado na comissão é do senador Fernando Bezerra (PSB-PE), também alvo das investigações.