PORTO PRÍNCIPE ? Com o número de mortos pela passagem do furacão Matthew no Haiti ultrapassado 842 nesta sexta-feira, o comandante da missão de paz da ONU (Minustah), o general brasileiro Ajax Porto Pinheiro citou um “desastre ambiental” no país. Porto Pinheiro, que está em Porto Príncipe mas sobrevoou algumas das áreas mais afetadas, contou que num dos locais mais devastados, Les Cayes, “tudo foi destruído, danificado”.
A tormenta, a maior do Caribe em quase uma década, provocou o deslocamento de milhares no país e deixou muitas pessoas desabrigadas. As eleições presidenciais foram adiadas. Nesta manhã, Matthew atingiu a costa da Flórida, acompanhada de fortes ventos e chuva. Furacão
Segundo o ONU, o governo haitiano calcula que pelo menos 350 mil pessoas precisam de assistência humanitária no país. A Missão das Nações Unidas no país, Minustah, trabalha com as autoridades locais prestando assistência à população.
? Tudo o que está a oeste da capital do departamento Sul, que é Les Cayes, tudo foi destruído, danificado. Inclusive o que chama a atenção é como a natureza foi afetada, como as árvores foram derrubadas, as plantações, os coqueiros foram arrancados pelo furacão. As plantações de banana foram destruídas, (foi) um desastre ambiental também. Não é só perda de vidas, claro que isso é o mais crítico, mas um desastre ambiental com muitas comunidades isoladas ? contou ele à Rádio ONU.
Para facilitar o acesso a áreas que ficaram restritas e bloqueadas por entulho, as equipes da Minustah já limparam as rodovias. Porto Pinheiro garantiu que a medida facilitará a entrega de mantimentos para os haitianos. O comandante da Minustah avalia que com 30% do país danificado pelo furacão Matthew, a melhor opção foi mesmo adiar as eleições presidenciais, que estavam marcadas para domingo.
? Tinha que ser adiado. Foi uma decisão, no meu ponto de vista, correta, porque as tropas estão mobilizadas para o apoio à população. Não é segurança, agora é ajuda humanitária. Todo mundo focado em ajuda humanitária. Se não tivesse sido adiado, o nosso planejamento era deslocar as nossas tropas para o apoio às eleições na quarta-feira. Ora, se hoje, sexta-feira, a gente continua em campo resolvendo o problema e vamos continuar até a próxima semana, pelo menos, não seria possível apoiar as eleições. Foi acertado.
Segundo o general Porto Pinheiro, uma nova data para as eleições deverá ser definida na quarta-feira. O comandante da Minustah destaca que muitas áreas do Haiti continuam sem comunicação.
ÁREAS REMOTAS DEVEM TER MAIS MORTES
Com o número de mortos aumentando rapidamente no Haiti, as informações das agências governamentais e de comitês locais estão desencontradas. O difícil acesso a áreas remotas, muitas delas totalmente devastadas, tem dificultado um balanço centralizado das vítimas. Cerca de 61.500 pessoas permanecem em abrigos, segundo a agência Reuters.
Milhares foram deslocados depois de o furacão derrubar casas, arrancar árvores e inundar bairros no começo da semana. Quatro pessoas perderam a vida na República Dominicana, que faz fronteira com o Haiti.
A situação no Haiti causa preocupação em especial porque dezenas de milhares de pessoas ainda vivem em barracas e habitações improvisadas desde o terromoto de 2010, em que 200 mil pessoas foram mortas. O governo calcula que 350 mil pessoas precisam de assistência humanitária imediata.
Matthew se debilitou um pouco na madrugada desta sexta-feira e foi rebaixado para uma tempestade de categoria três na escala Saffir-Simpson, de cinco níveis, mas continuava sendo “extremamente perigoso”, alertou o Centro Nacional de Furacões (NHC, em inglês) dos Estados Unidos.
Na Flórida, 600 mil pessoas ficaram sem energia. Todos os voos para Orlando foram cancelados, e parques da Disney, fechados. O governador da Flórida, Rick Scott, alertou para “impactos potencialmente desastrosos”.
O presidente Barack Obama declarou planos de emergência federal para três estados na Costa Leste, o que permite mobilizar mais recursos.
O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA disse que a tempestade pode ser a mais forte a golpear o nordeste da Flórida em 118 anos. Furacão ganha força, e EUA ordenam retirada de 2 milhões de pessoas