WASHINGTON ? A ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. que impede a entrada ao país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana provocou protestos em todo o país, na noite de sábado e nas primeiras horas deste domingo. No aeroporto internacional de Seattle-Tacoma, cerca de três mil manifestantes portavam cartazes e cantavam “No hatred, no fear, immigrants are welcome here” (“Sem ódio, sem medo, os imigrantes são bem-vindos aqui”, em tradução livre) e “Let Then in” (“Deixem que eles entrem”), num protesto que começou na noite de sábado e se prolongou até as primeiras horas deste domingo.
Aayah Khalaf, americana de origem muçulmana, acompanhava o protesto em casa pela TV quando ela e uma amiga, estudante egípcia, decidiram unir-se à manifestação. Era a segunda vez que Aayah participava de um protesto: o primeiro foi a “Marcha das Mulheres”, na semana passada.
?Isto não é somente contra os muçulmanos. É contra os direitos ambientais e contra os direitos humanos em geral. Creio que todo mundo deveria se opor a essa medida?, declarou Aayah, de 29 anos.
Os comissários do porto de Seattle, que administra o aeroporto, emitiram um comunicado criticando a ordem executiva de Trump.
?Os comissários do Porto de Seattle Tom Albro, Courtney Gregoire, Stephanie Bowman, Fred Felleman e John Creighton estamos aqui hoje para expressar nossa preocupação pela ordem executiva que proíbe a imigração emitida na noite passada. Como governo que opera este aeroporto, esta ordem executiva vai contra nossos valores. Os Estados Unidos são grande porque é uma terra de imigrantes e isto foi o que nos fez grande em princípio?, diz o comunicado.
Em Nova York, gritos de “Deixem-os entrar” partiram de uma multidão de mais de duas mil pessoas que protestou no aeroporto John F.Kennedy, onde 12 refugiados foram detidos no sábado. Celebridades, como a atriz Cynthia Nixon, do seriado “Sex and The City”, se uniram ao ato.
?O que Donald Trump fez nas últimas 24 horas é repugnante e completamente anti-americanas, e estou aqui para protestar?, explicou Pamela French, uma das participantes do protesto.
A agência que administra o aeroporto tentou restaurar a ordem cortando o serviço de trens até os terminais aéreos. O governador de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, reverteu a decisão, alegando que os cidadãos têm direito a protestar.
?As vozes do povo de Nova York serão escutadas?, disse através de um comunicado.
Mais de 120 pessoas, portanto cartazes criticando as ordens de Trump, se concentraram no aeroporto internacional Newark Liberty, em Nova Jersey. De acordo com o site NorthJersey.com, advogados compareceram ao aeroporto paa defender os direitos de refugiados e migrantes que estavam sendo detidos e que eram impedidos de entrar no país.
Dezenas de manifestantes no aeroporto internacional Washington Dulles, em Fairfax, Virgínia. cantavam “Love, Not Hate, Makes America Great” (“O amor, não o ódio, fazem a América grande”), e “Say It Loud, Say it Clear, Muslims Are Welcome Here” (“Falem alto, digam claramente, os muçulmanos são bem-vindos aqui”), enquanto os viajantes caminhavam pelo terminal até o local onde recolheriam suas bagagens e se encontrariam com os familiares. Embora pacífico, o protesto foi acompanhado por uma forte presença policial.
O governador da Virgínia, Terry McAuliffe, concedeu uma entrevista coletiva em Dulles, onde pediu ao promotor geral do Estado, Mark Herring, que estude “todos os recursos legais disponíveis” para ajudar as pessoas que podem ser detidas no estado.
No aeroporto internacional de Denver, alguns manifestantes traziam cartazes declarando sua identidade, se eram judeus ou cristãos, e a frase “Venho em paz”. Denver recebe alguns voos internacionais diretos, mas não ficou claro se houve detidos pela ordem presidencial.
O jornal Chigago Sun-Times informou que manifestantes bloquearam o trânsitonas proximidades do aeroporto internacional O’Hare por um tempo. Alguns dos passageiros que chegavam se uniram ao protesto, enquanto outros se mostravam incomodados com o ato. Advogados que trabalham com o International Refugee Assistance Project contaron ao jornal Chicago Tribune que as 17 pessoa que haviam sido detidas no aeroporto foram liberadas na noite de sábado.
Entre os liberados antes da ordem emergencial de uma juiza federal impedindo que os Estados Unidos deportem pessoas de nacionalidades submetidas à ordem executiva de Trump estava Hessan Noorian, um morador do subúrbio de Park Ridge que regressava com sua família do Irã, informou o Tribune. Noorian, que tem dupla nacionalidade britânica e iraniana, e possui green card, foi detido em O’Hare ao chegar de Teerã acompanhado da esposa, Zahra Amirisefat, cidadã americana, explicou o jornal. O casal foi interrogado durante cinco horas.
Os manifestantes que foram ao aeroporto internacional Dallas/Fort Worth na noite de sábado demonstravam mal estar pela ordem do presidente Trump. Cada vez que era anunciada a liberação de detidos, a multidão ovacionava. Entre os retidos no aeroporto à meia-noite de sábado estava Shahin Hassampour, uma viúva iraniana de 70 anos, que, segundo seu filho, é hipertensa e foi operada de câncer há quatro anos. Obteve um visto de migrante em novembro a pedido do filho.
Bahzad Honarjou, um engenheiro de rede de 43 anos explicou que havia falado com sua mãe duas vezes por telefone após a chegada dela ao país, às 9h da manhã, mas não voltaram a se comunicar desde que foi expedida a ordem judicial contrária à decisão de Trump, segundo a qual poderia ser liberado. Os agentes de imigração, segundo Honarjou, não estavam muito comunicativos. Sua mãe ia ser deportada em voo neste domingo, segundo ela lhe informou na primeira vez que se falaram. Honarjou explicou que se tornou um cidadão americano após conseguir o visto em um sorteio e já vive há sete anos nos EUA.
Um protesto que reuniu dezenas de pessoas dentro e nos arredores do aeroporto internacional de Portland. no Oregon, interrompeu brevemente o serviço de metrô ao local. O Oregonian/OregonLive reportou que os manifestantes portavam cartazes e gritavam palavras de ordem em favor dos cidadãos de origem muçulmana. “Nem proibição nem muro, os Estados Unidos é para tdodos” diziam os manifestantes.
Em Los Angeles, San Francisco e San Diego foram registrados protestos dentros dos terminais e nos arredores. Em Los Angeles, cerca de 300 pessoas entraram no terminal internacional Tom Bradley após participarem de uma vigília com velas.