Foz do Iguaçu – Os dedos de dona Ivonete contornam as camadas do quadro Our Lady (Nossa Senhora, em inglês), do colega Luiz Carlos Nakasoni (AS.CD), uma releitura da mesma obra de Romero Britto. Ela chora copiosamente.
Devota da santa, Ivonete credita a Nossa Senhora sua recuperação três anos atrás, quando um AVC a colocou numa cadeira de rodas. Graças a ela hoje estou andando, disse, emocionada. Na época, Aparecida Ivonete Farias, 52 anos, já convivia com a cegueira fazia quase 30 anos.
Assim como ela, outras 14 pessoas total ou parcialmente cegas da Adevifoz (Associação dos Deficientes Visuais de Foz do Iguaçu) fizeram uma visita sensorial no Ecomuseu de Itaipu. A explosão de cores, característica marcante dos quadros de Nakasoni, passou despercebida deles, mas os contornos dos quadros não. Todos puderam descobrir a are com o toque dos dedos.
Foi uma experiência incrível, contou Nakasoni ao final da visita. Esperava fazer algo diferente, ouvir a percepção deles sobre meus quadros. O resultado ganhou outra dimensão. Ver uma mulher chorando em frente a uma obra que fiz em papelão é algo que me emociona.